Eu

Eu

terça-feira, 28 de junho de 2016


Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.
Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.
De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.
Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,
Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.
Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja;
Efésios 5:21-29

Todos conhecem bem esses versículos da carta de Efésios, nesse capitulo Paulo elenca varias orientações para um viver santificado e agradável ao Senhor. Inicia, logo após, as recomendações familiares, preste atenção ele encerra as orientações para todo Corpo de Cristo e inicia as recomendações para o viver em família com a expressão: "sede submissos uns aos outros". A ordem de submissão quer dizer que devemos considerar o Outro sempre em primeiro lugar. Alteridade. Fazer bem ao outro, considerar o outro, abençoar o outro, ajudar o outro. Essência do Amor.
Depois, ele inicia com a submissão feminina, Paulo não acrescenta nada de novo ao papel feminino naquele período histórico, assim como na carta à Filemon, em que intercede pelo escravo Onésimo, não se posiciona contra a escravidão abertamente, fato corriqueiro na época, mas, a desconstrói completamente, ao igualar o escravo a si mesmo, e apelar a irmandade entre ele (Paulo), Onésimo e Filemon em Cristo, veja abaixo:
"Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, apelo em favor de meu filho Onésimo, que gerei enquanto estava preso. Ele antes lhe era inútil, mas agora é útil, tanto para você quanto para mim. Mando-o de volta a você, como se fosse o meu próprio coração. Gostaria de mantê-lo comigo para que me ajudasse em seu lugar enquanto estou preso por causa do evangelho.
Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado. Talvez ele tenha sido separado de você por algum tempo, para que você o tivesse de volta para sempre, não mais como escravo, mas, acima de escravo, como irmão amado. Para mim ele é um irmão muito amado, e ainda mais para você, tanto como pessoa quanto como cristão. Assim, se você me considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a mim".
A desconstrução dessas relações de opressões na época é o que fará o evangelho se expandir em terra romana, ao ponto de, para conte-la, Constantino "virar cristão" e inventar o cristianismo.
Ora, da mesma forma que pela lógica do Amor do Evangelho, Paulo desconstrói, também, a relação de opressão vivida pela mulher.
O apóstolo conhecia muito bem a situação feminina no mundo greco-romano e judaico. Para gregos a mulher era um animal imperfeito, sem alma, inábil, sem inteligência, desordenado, era tão inferior como um escravo, tanto que o amor "perfeito" se dava entre homens e não na relação heterossexual. Na cultura judaica a mulher era o mal encarnado, enganadora e culpada da entrada do pecado no mundo.
Paulo, mata de morte essa cultura ao insistir que os maridos amem as esposas como Cristo amou a igreja, entregando-se por ela. Ora, com que amor Cristo amou a igreja? Com amor de Filipenses 2. 1-11, deixando a sua Glória, tornando-se homem e sacrificando-se por ela numa morte de Cruz. Jesus mesmo designou-se muitas vezes como servo, "estou entre vós como quem serve". Jesus abriu mão de sua prerrogativa divina, por amor a sua igreja, Paulo continua a convocar os homens da época a uma relação absolutamente nova com suas mulheres ao dizer que ninguém é capaz de maltratar a si mesmo, posto isso, compreendemos que Paulo chama os homens para uma relação de igualdade com as mulheres. "Elas são sua própria carne" e ninguém pode se amar, se não ama sua mulher e ninguém odeia a si mesmo.
Toda relação de opressão, maus-tratos, negligencia, dominação, todo tipo de visão que nulificava a mulher é destruída pelo apóstolo nesses dois exemplos: o amor de Cristo pela igreja e o amor a si mesmo.
Contudo, a teologia misógina dos pais da igreja, dos teólogos católicos e depois protestantes, vão beber na fonte do pensamento grego e judaico contra a mulher, do que o ensinamento do Evangelho e o exemplo de Jesus na sua revolucionária e extraordinária relação com as mulheres, desde a sua gestação, passando pelo seu ministério, sua crucificação e ressurreição.
Ele destrói todo machismo, toda visão misógina. Ele, assim como na questão de Onésimo não faz um tratado contra a escravidão e contra a opressão feminina, mas, as desconstrói completamente quando apela a Filemon a olhar Onésimo como se fosse ele próprio, como m irmão em Cristo. Assim, como desconstrói todo machismo reinante na época ao chamar os homens a servirem as mulheres e a tê-las como parte de si, como na primeira fala de Adão ao ver a mulher: Será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. É ossos dos meus ossos, carne da minha carne". Essa é uma declaração ABSOLUTAMENTE igualitária, sem divisão, sem hierarquização dos gêneros e Paulo, chama novamente aos homens, que vivem o evangelho, a essa relação de submissão mutua e abandono dos costumes opressores contra as mulheres já reinante na época. Esse é o amor sacrificial, abrir mão da hierarquização dos gêneros, da opressão e tratar a sua mulher como trata a si mesmo. Um desafio em tanto....

“E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi”.
Genesis 3. 13

Culpada! Maldita! Maligna! Porta do inferno! Sem alma! Enviada de satanás…é a mulher já foi e continua sendo na teologia misógina tudo isso, além de influenciar fieis, também se constituiu como um fato social, de tão maligna, precisava de freios e esse freio só poderia ser dado por um homem.
Mas, com atrevimento de culpada, maldita, maligna e outros adjetivos sombrios que quero pensar sobre esse momento de Eva e a serpente e seu comportamento após os fatos ocorridos.
Primeiro estamos tratando sobre CONHECIMENTO, temos um ser pensante chamada Eva, a quem foi dada a ordem de cuidar e dominar a criação. Ela estava tendo um trabalho duro de pensar, dar significado a tudo o que estava ao seu redor, criar um mundo, um sistema, uma linguagem.
É no meio desse trabalho de reflexão que a serpente entra com suas insinuações. Interessante é que ela a atrai exatamente naquilo que está envolvida: conhecer, pensar.
Ela distorce a verdade: “ORA, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim”? Gn 1 Eva, responde a verdade “Não, de todas as arvores não, da arvores do conhecimento do bem e do mal não devemos comer, por que morreremos. ” Em contrapartida a serpente lança sua isca: “Não. Não, vocês não vão morrer! Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. ”
Em outras palavras: Deus está mentindo, Ele só não quer que vocês saibam tudo, sejam livres, conheçam como Ele conhece...sejam como Ele, deuses.
E Eva “vendo que a arvore era boa para dar conhecimento”, tomou do fruto, comeu e deu ao seu marido. Não estamos diante de um ser idiotado, mas, de alguém pensante, que construía naquele momento um sistema de sociedade com seu parceiro utilizando sua total capacidade cognitiva.
A questão para Eva era conhecer mais, aprofundar-se nos mistérios que aquele mundo lhe proporcionava e a serpente usa seu sempre astuto ardil a distorção da verdade...ah não é bem assim!
Eles eram livres para desfrutar de tudo, mas, havia um limite. O limite não era o medo de Deus a respeito de uma sabedoria que não queria repartir. O limite era pedagógico. Para haver liberdade há de se haver limites ou caímos na libertinagem. Para haver democracia há de haver limites senão caímos no anarquismo. O limite postos e bem claros são a base da liberdade humana. A falta de limites causa o aprisionamento do ser.
Satanás usa uma estratégia bem conhecida: se não tem tudo não tem nada. Não é sempre assim? A distorção da verdade, sempre com a aparência de piedade e bondade? Nunca o horror que ela esconde, no caso, o desenrolar dos fatos ocorridos: quebra do relacionamento com Deus, entre o casal, o desastre cósmico, o desastre da natureza e pôr fim a morte.
Havia um limite ao conhecimento? Não, não havia nenhum limite ao conhecimento deles (casal adâmico). Havia um limite para o uso da liberdade com responsabilidade.
Eva, não precisava “ser como Deus”, ela já tinha essa Imago Dei definida e estruturada nela. Tinha liberdade para relacionar-se com Deus e conhecer tudo o que quisesse. Mas, dar-se limite era essencial para viver sua liberdade.
Atraída a um saber sem limites, Eva desconheceu o limite imposto e caiu. Mas, a história não acaba aqui. Confrontada sobre seu ato ela corajosamente assume o que fez. Ela reflete sobre si mesma, que foi enganada e que comeu. Não usa subterfúgios. Fui enganada e comi.
As consequências logo vieram: a terra se tornou maldita, o trabalho árduo, a serpente rastejante, a dores do parto maiores, a expulsão do paraíso e a morte física.
Mas, na tríade Deus- mulher- serpente, acontece algo muito interessante. A serpente e a mulher se tornam INIMIGAS, eternas inimigas. Lembrando que a serpente aqui representa satanás, o mal, lúcifer, temos uma interessante revelação: satanás e toda a sua turma maligna odeia a mulher. Em todos os tempos, lugares e religiões mulheres são perseguidas e maltratadas, para além das razões sociais e históricas, hoje chamo atenção para a transcendência da violência, da perseguição, da desvalorização sistemática da mulher.
A semente da mulher destruirá a serpente, Deus está falando do Cordeiro Imolado antes da Fundação do Mundo, é na legalidade do nascer humano que o Cordeiro, Filho do Deus Vivo, o Deus Eterno na blasfêmia para os judeus, na loucura para os gregos, se faz homem, entra na história.
Se a serpente a enganou e a mulher foi o veículo para a queda, ela agora, ela era o veículo para a abrigar em seu corpo. Aquele que nos abrigaria na Graça. A mulher foi o primeiro templo de Deus.
Disforme nas entranhas de sua mãe, Jesus, a tinha como um templo que o guardava como grande tesouro.
A serpente há de morder teu calcanhar. Para Maria foi profetizado que uma espada transpassaria seu coração. E foi, o filho que carregou no seu ventre, nos seus braços, que amamentou no seu seio, agora na Cruz lhe trazia o perdão e a Graça. Sim, Maria viu seu filho Jesus morrer. Maria viu seu Senhor, o Cristo ressuscitar.
Assim como sua vinda a esse mundo foi um segredo contado primeiro apenas as mulheres. Maria, Isabel. Agora o Senhor ressurreto era sabido e reconhecido pelas mulheres.
Assim, Deus pela história fez parcerias com as mulheres, elas lhe foram fieis em seu ministério terreno. Doando de si mesmas a vida, o sustento, estando ao seu lado no momento do seu tormento.
Agora, elas sabiam por seu amor e cuidado com Ele que seu tumulo estava vazio e o Rei ressuscitara.
Quando tomou do fruto e comeu, Eva nunca iria imaginar que seu “erro” fosse abrir caminho par a maior história de Amor do mundo. Quando foi “condenada”, não sabia que já estava sendo redimida. Quando caiu, nem se deu conta o quanto estava sendo exaltada. Com Deus é assim.
E sua aliança conosco persiste. Agora todas nós podemos ser templos de Cristo, pela Cruz. Todas nós o gestamos em nós e somos gestadas por Ele. Todas nós somos seu perfume, todas nós somos sua carta, todas nós somos suas sacerdotisas, suas amigas, suas servas.
A serpente enganou Eva e trouxe morte. Deus redimiu Eva e trouxe vida. Eva quis o conhecimento pleno e o obteve não como pensava, mas, na plenitude dos tempos Cristo veio ao mundo e redimida, reconhecendo o Seu Senhor, Eva agora sabe tudo plenamente, muito além do que podia saber naquele longínquo dia no Éden.




domingo, 26 de junho de 2016

O IMPORTANTE FOI RESISTIR!



Nascido em 22 de janeiro de 1911, filho de Inácio Rodrigues de Lima e Apolinária Estranquelina de Oliveira, o pai, quilombola, oriundo de Mituaçu na Paraíba (Comunidade de Preto reconhecida e certificada nos dias atuais), deu continuidade das práticas tradicionais quilombolas de trabalhar com a terra. A mãe, uma pioneira, sendo negra e mulher, era professora primária, no início do século XX, onde até mesmo a mulher branca era educada somente para os cuidados do lar.
Desse casal, José Vicente aprenderia a importância da resistência, luta e educação. Apoiado pela família formou-se contador e depois economista.
Foi diretor do departamento de economia da federação do comercio varejista de Pernambuco entre os anos de 1943 a 1958. Também, exerceu a direção contábil e patrimonial do SENAC entre 1958 a 1963 e a direção regional do SENAC entre os anos de 1963 a 1968. Em 1968 organizou e instalou o Centro de Aperfeiçoamento e Qualificação profissional para o comércio do SENAC.
Durante o governo João Goulart foi presidente da COAP (Comissão de abastecimento) de Pernambuco.
Na Universidade Federal Rural de Pernambuco, organizou e implementou a contabilidade, chefiando o órgão entre 1957 e 1960. E entre 1960 a 1969 dirigiu a divisão de contabilidade e orçamento e foi membro da comissão de planejamento universitário.
Assessorou a presidência da Federação do Comercio Varejista de Pernambuco. Organizou e instalou o Conselho Regional de Contabilidade – seção de Pernambuco. Fundou a Federação Nacional de Economistas onde foi seu segundo vice-presidente.
Como sindicalista, teve uma militância produtiva: presidiu o Sindicato dos Economistas Profissionais de Pernambuco, sendo hoje sócio benemérito.
Organizou e instalou os seguintes sindicatos: dos Trabalhadores em energia termo elétrica de Recife, dos Trabalhadores da Industria do vidro, cristais e espelhos do Recife.
Além de sua vida profissional e militância sindicalista, José Vicente era também um militante aguerrido da causa negra. Num contexto de ideologia de embranquecimento e higienista do governo de Agamenon Magalhães a fundação da Frente Negra Pernambucana fazia um enfrentamento e projetando a situação social, econômica e o racismo enfrentado pelos negros.
A Frente Negra Brasileira no Rio de Janeiro foi um dos movimentos impactantes do período pós-abolição com forte orientação da educação como forma de ascensão social.
A Frente Negra Pernambucana não se diferenciava na orientação em entrevista ao Jornal Djumbay, José Vicente fala da chegada da Frente Negra através da visita de Barros “o mulato”, vindo do Rio Grande do Sul e que com Solano Trindade, José Albuquerque e Gerson Monteiro Lima a entidade em Pernambuco teve seu início.
Nesta mesma entrevista José Vicente analisa a importância da Frente Negra: “O fato marcante da Frente Negra foi a posição que o negro tomou de se defender e lutar não só contra o preconceito, mas, sobretudo lutar por uma projeção da sociedade”.
No centena rio da abolição em 1988, o Diário de Pernambuco fez uma edição especial comemorativa, sendo José Vicente um dos entrevistados, sobre a Frente Negra Pernambucana ele faz a seguinte avaliação que “redimir o negro da condição de semi-escravo, sem acesso aos meios de progresso e ascensão social e econômico, ou seja, sem chances de escolaridade e, por decorrência, sem lugar no mercado de trabalho qualificado.
Nesta mesma entrevista ele toca na ferida, ainda aberta, da não aceitação do negro por si mesmo, ou o preconceito as avessas, conforme a ascensão social e econômica muitos negros naquela época não queriam nem mesmo “tocar no assunto” do preconceito e da negritude e conclui: “quando a gente não se reconhece como negros estamos formando a frente dos brancos.”
Ao tocar no “lugar social do negro” e a transgressão de sair desse lugar, estudando, formando-se e assumindo postos de trabalho em que “não deveriam estar”, mostra com analise muito apurada que o preconceito se evidencia ou mostra-se de forma não velada. E dá seu exemplo em que era menosprezado nos tempos do Ginásio Pernambucano sendo chamado de “macaco”.
No prefacio do livro do historiador Humberto Gibson Palmares – Troia Negra ele assim se define “Tanto eu como Gibson descendemos de uma família de agricultores de Mituaçu dos Creoulos, localizado as marges do rio Gramame, no estado da Paraíba, que emigrou no passado uma de suas raízes para Pernambuco. Somente podemos dizer: recebemos o recado”.
E qual recado se referia José Vicente? A resistência e a luta. Simbolo máximo dos quilombos, herança máxima de todo negro.
Para José Vicente o caminho se dava através da educação e por isso fundou o Centro de Cultura Afro-brasileira que tinha como objetivo elaborar estudos e pesquisas sobre a cultura afro-brasileira. Visionário, José Vicente se antecipava na década de 30 a ações que somente nos anos 2000 através das Politicas de Igualdade Racial começaram a ser realmente implantadas como politicas publicas: a lei 10. 639/03 que insere no currículo escolar a historia da africa e historia da cultura afro-brasileira, as ações afirmativas no meio educacional universitário que possibilitaram a entrada de mais de 200% de jovens negros no ensino superior, e as ações afirmativas em concursos públicos aumentando o numero de negros na administração publica.
Na vida politica participou do PTB, hoje PDT, sendo assessor de Josué de Castro. Faz uma critica pertinente na época, que os partidos políticos não levavam a seria a pauta do movimento negro. Correto, na década de 30, como alguns partidos hoje, veem a questão do negro como questão de classe e não de preconceito e racismo. Somente a redemocratização e partidos mais alinhados a esquerda como PDT e PT vão fomentar com sua militância as  discussões e as politicas publicas hoje implementadas.
Critica o esfacelamento do movimento negro e aponta para o individualismo de ascensão social pontuais e não uma conscientização coletiva do negro e sua cultura.
Suas criticas muito pertinentes na década de 80. Hoje, se vivo fosse, avaliaria os avanços do movimento negro e as politicas publicas implementadas como positiva, contudo, não deixaria de criticar que as mudanças estruturais necessárias, principalmente na educação, para a saída da inferioridade econômica e a permanência na condição de semi-escravos ainda não foram realizadas e estamos distantes de mudar a realidade dos negros no Brasil.
José Vicente encarnou os ideais quilombolas: Resistir e Lutar! Fez sua parte militando no movimento negro, na vida sindical, apontando a educação como porta de saída da inferioridade social e econômica do negro, na luta pela conscientização do negro em relação a sua cultura e identidade. Na década de 30 ao Fundar a Frente Negra Brasileira tinha uma pauta progressista, desafiadora, visionária, que ainda se faz presente no movimento negro e ainda é pauta de luta de todo negro brasileiro.
Esse homem visionário e lutador é meu pai. E, recebi seu recado: O importante é resistir!

Candida Maria Ferreira da Silva

Diário de Pernambuco. Recife, 17 de Maio de 1988
Djumbay – Informativo da comunidade negra. Nº 1, março de 1992, pag 3.

SILVA, Fátima Aparecida. Frente Negra Pernambucana e sua proposta de educação para a população negra na ótica de um dos seus fundadores: José Vicente Rodrigues de Lima – desada de 30. Fortaleza: 2008