Eu

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domingo, 17 de janeiro de 2016

BELEZA PURA


Quando essa preta
Começa a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda trama da trança
Transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar
Prá botar no cabelo
Toda minúcia, toda delícia...
(Beleza Pura – Caetano Veloso)

O que é beleza? Estamos falando de um conceito antropológico e socialmente construído. Ele não é igual em todos lugares no mundo e nem em todas as sociedades. Contudo, beleza, também, se tornou uma mercadoria, um item de consumo cada vez mais caro, com a promessa de trazer felicidade, aceitação, poder, ascensão e quem sabe alguns minutos na babel televisiva, no caldeirão das celebridades?
Os padrões de beleza variam conforme os períodos históricos e consequentemente seus modos de produção. E, por muito tempo teve um forte recorte de gênero: beleza era, conforme o padrão da época, um atributo desejável para uma mulher e facilitador para casamentos.
Na mitologia grega a beleza foi personificada por uma deusa Afrodite ou Vênus. Entre os egípcios, Hator, entre os hindus Lakshmi, no panteão dos Orixás, Oxum.
A descoberta de outros povos, com outras cores, com outras formações corporais, trouxe estranhamento e perplexidade. Haviam indianos, japoneses, chineses, índios, gente de cor negra. Apesar da Antiguidade já registrar o contato entre os povos romanos, judeus, egípcios, gregos, orientais, entre outros.
Mas, o padrão europeu prevaleceu como o padrão de beleza, penso eu, muito ligado ao padrão Grego. Com o advento do capitalismo a beleza deixou de ser apenas um atributo desejável, divino, transcendente do ponto de vista da estética para se tornar, como assinalei acima, mercadoria. E que beleza é essa? Ela é branca, loira, de olhos azuis ou verdes (preferencialmente), de corpo perfeito (barriga negativa), sarada, com muito peito e muita bunda!!!! Hoje é Gisele Bündchen, o padrão de beleza (uma brasileira???) perfeito. Quando eu era garota, Xuxa Meneghel a e suas paquitas eram o padrão perfeito da beleza.
E, ser negra na ditadura das loiras era ser feia. Lembro que Zezé Motta foi uma das primeiras atrizes a protagonizar uma personagem fora dos estereótipos que a TV aponta para nós, não lembro a novela, mas, ela fazia par romântico com Marcos Paulo (que seria o Ricardo Tozzi, Cauã Raymond, Marcos Pigossi de hoje) e, pasmem, não era empregada doméstica! Era uma arquiteta, paisagista. Obvio que o tema preconceito veio à tona e me lembro de uma radialista, hoje em cargo legislativo, fazia em seu programa comentários sobre novelas e outros temas televisivos. O tema era então o preconceito que a sociedade vinha demostrando com o estranhamento daquele casal interracial e me lembro como hoje que ao invés de debater o preconceito a referida jornalista me saiu com a seguinte pérola: “Zezé Motta é uma negra feia…. Eu não a acho bonita! ” Bem, ninguém estava falando se Zezé Motta era feia ou bonita, o debate era a reação da sociedade ao casal interracial…, mas, naquele momento, eu uma garota, uma adolescente, ouvir isso repercutiu em mim, porque (feia ou bonita), aquela era a primeira vez que eu via uma atriz negra protagonizando uma história de amor interracial e não ocupando os lugares que a sociedade sempre diz que deve ser de uma preta: serviçal, subempregada, desfrutável, favelada barraqueira. E, ela era a negra feia e, portanto, como é que podia “namorar” o galã Marcos Paulo, nem que fosse na ficção?
Eu ouvi muitas vezes que devia alisar meu cabelo duro, meu pixaim, meu cabelo Bombril, meu cabelo feio, era o tal de “arrumar o cabelo”, e lá sofri anos (desde pequena), com pasta alisante, henê, ferro e chapinha baiana, óleo alisante, creme alisante...E tudo detonava meu cabelo, porque ele é muito fino e frágil...então eu estava sempre com aquele cabelo seco, sem vida, quebrado, detonado. Mas, afinal, na ditadura das loiras, brancas, o cabelo precisava ser liso, “bom”.
Ouvia muito também o tal de: morena, moreninha, morena jambo…e “até que você é bonitinha”, ou então “Olha como é exótica! ”
Eu não entendia porque os meninos não queriam namorar comigo e se rolava uma festa, eles queriam ficar e abusar...só depois é que eu fui aprender que a “neguinha” é para usar…Mesmo que na festa eu fosse a “garota” mais “linda”, tão “linda” que as meninas ficavam com raiva e os meninos que não queriam me namorar ficavam de boca aberta! Eu tinha um lugar que a sociedade já me marcara para ficar!
Mas, foi somente o processo de conscientização sobre a minha negritude que começou na faculdade que me trouxe libertação. A primeira transgressão foi usar as traças nagô (após uma grande briga com minha mãe) e qual foi o meu espanto ao olhar pela primeira vez a minha beleza negra e poder dizer para mim mesma: Meu Deus eu sou bonita!
A partir daí foram as tranças, meus grandes brincos, colares, pulseiras, batons que valorizavam minha negritude e quando passava deixava muitas bocas abertas, muitos olhares acompanhando, aquela preta abusada que ousava a não ficar no lugar que “marcaram para ela”.
Mas, nossa sociedade também passou por mudanças, negros começaram a ascender socialmente, revistas especializadas tratavam da “nossa beleza”, negras e negros “bonitos” começaram a ter destaque na TV e finalmente as mídias sociais “soltaram o verbo”, nos desprenderam das mídias oficiais e pretos e pretas “lindas” saíram do anonimato. Ver-se, reconhecer-se é importante! Porque você passa a ser existente, o menino e a menina tem sua boneca, tem seus heróis...as mulheres de meia idade tem uma Viola Davis, fazendo uma personagem poderosa, linda, sexy, sem corpo sarado e barriga negativa. Que maravilhosa!
Turbantes, tranças nagôs, cabelos naturais, vestidos coloridos, floridos, com motivos étnicos, brincos, colares, pulseiras, maquiagens..., Mas, Candida isso é a indústria da beleza! Sim, eu sei, mas, ela precisou se ampliar e se render a uma população que até duas décadas atrás não existia.
E fazê-la se render a nós é uma vitória, porque ela tem que dizer: pretos e pretas existem. E existem de várias formas: baixos, altos, gordos, magros, heterossexuais, homossexuais, pretos de vários tons de cor, todos eles trançando seus cabelos, usando seus turbantes, assumindo seus cabelos, fazendo moda, criando tendência, fazendo história nas redes sociais, exibindo sua beleza variada, desafiando a “ditadura da beleza” que a sociedade impõe, até para nós pretos, porque agora tem aquele tipo de preto e preta bonita: o corpo perfeito, os longos cabelos crespos, um rosto “mais fino”...
E você Candida? Bem, eu assumi meus turbantes, minhas tranças novamente (abusadamente loiras...quem disse que eu não posso ser loira????) E agora meus cabelos naturais e simmmmm...SOU BONITA! Sou uma Candace (rainhas guerreiras africanas), uma Nefertite (rainha da XVIII dinastia do Antigo Egito, esposa principal do faraó Amenófis IV, mais conhecido como Aquenáton.), fiz uma selfie em que fiquei a cópia de Nefertite....Minhas fotos não têm filtro, photoshop, no máximo eu estou lá com meu batom ou cara limpa, e agora me olho e vejo uma linda mulher. Uma preta, com uma história, uma preta com uma alma poeta, uma preta com sua espiritualidade, uma preta que desafiou os “lugares que devia ficar”, uma preta que se descobriu não de fora para dentro, mas, de dentro para fora, que desabrochou como uma linda e esplendorosa Flor de Novembro.
Eu não pareço com a atriz A ou C. Nem com a miss D ou E. Nem com a cantora X ou Y, eu pareço comigo. Elas são bonitas? Não sei, eu as vejo sempre maquiadas, em fotos de photoshop.... Você é bonita? Ah....eu sou.…quando eu olho a minha história, que se junta a história da minha mãe, da minha avó, da minha bisavó e de meus ancestrais…. Eu sou muito, muito bela...Eu sou Beleza Pura! E cada preta, cada preto, cada branco, cada pessoa deve descobrir sua Beleza Pura. Porque toda gente é bonita de natureza! E, o mais lindo que se pode fazer é transgredir a ditadura da beleza que se impõe a nós. Transgrida, descubra-se, desabroche e faça sua escolha de quem você é e não do que dizem quem você deve ser!

Candida Maria




sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A morte de Antônio Pompêo e o racismo nosso de cada dia - Brasileiros

A morte de Antônio Pompêo e o racismo nosso de cada dia - Brasileiros

LEITÃO DETONADO POR PADRE!

Nesta foto Fabio de Melo confessa ter detonado um leitão, ainda faz pose de ostentação com sorvetes da Kibon
Não houve uma noticia sobre o fato, mas este blog não deixará em branco o fato. Eis a noticia: 
Datena: Padre detona leitão e posa em foto com sorvete. Me ajuda ai. Detonar um leitão? Isso e falta de Deus no coração! Urgente! Comandante Hamilton sobrevoa sitio do padre que detonou o leirão
Fala comandante Hamilton! "Pois é Datena, estamos sobrevoando o sitio do padre, mas, parece que ele continua foragido. Podemos ver aqui do alto uma fuga em massa de galinhas!
Marcelo Resende: Meu senhor e minha senhora olhe bem essa foto. Você esta olhando? Essa é a foto de um padre. Como um padre sem batina? Mas, meu senhor e minha senhora o que pode ser pior do que um padre sem batina? O que fez esse padre? Detonou um leitão, isso mesmo, detonou um leitão e postou nas redes sociais. Como um ser humano chega a esse ponto, eu lhe pergunto?
Sherazade: Padre detona leitão. A sociedade não aguenta mais os leitões. Ta com pena, leva pra casa!
Boechat: Padre detona leitão e posta foto fazendo piada. Gostaria de saber o que o Papa pensa disso.
Ilse Escamparine: O papa disse estar rezando pela alma do leitão.
Bonner: O famoso padre Fabio de Melo e acusado de detonar um leitão. Uma galinha em delação premiada diz que o padre faz parte de um esquema de detonadores de leitões.
Veja: Padre detona leitão. Dilma e Lula sabiam!
Época: Leitão detonado por padre foi presente do filho de Lula.
Sonia Abraão: Vamos acompanhar ao vivo o enterro dos restos mortais do leitão detonado pelo padre Fabio de Melo. Aqui nos estúdios a família do leitão conta a dor dessa perda.
William Waack: O leitão detonado pelo padre influiu diretamente na crise econômica brasileira e a nota do Brasil foi rebaixada novamente.
Globo Repórter: padres que detonam leitões. Quem são? Como vivem? O que pensam? Sexta-feira no Globo Repórter.
Os antipetistas: Como sempre a turma dos petralhas estão envolvidos. Fora Dilma!
Os petistas: Esse padre é amigo do Aécio! Fora Cunha!
Nas redes sociais: Movimento faça um tribonn em defesa da vida dos leitões.
Rede Record News: Leitão detonado era fiel da Igreja Universal. Edir Macedo pede investigação rigorosa das autoridades portuguesas, caso, pode ser de intolerância religiosa.
EI, Hamaas, Al-quaeda: Não fomos nós, quem odeia leitão é Israel.
Al- Jazzira: Leitão detonado leva tensão entre Palestinos e Israelenses. Padre detonador é reconhecidamente amigo de Israel.
Grupos ambientalistas lançam campanha "leitões merecem viver"
Silas Malafaia: Vagabundo, rapá, fica dando mole pra esses caras, se fazendo de anjinho, taí: Detonou o leitão sem dor nem piedade.
Apostolo Waldemiro: detonou um leitão é? HIHIHI, que coisa terrível. Se ainda fosse uma ovelha!
Rede TV: um padre, em algum lugar, detonou um suíno, mas, não se sabe como...


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O SENHOR É MEU PASTOR



Ontem meditei sobre a primeira frase do salmo 23, focando no pastor, quem era e é meu pastor, Jesus. Hoje quero pensar no fato que este não é qualquer pastor, além de pastor ele é Senhor.
Ele é o Senhor que anda sobre as águas;
Ele é o Senhor que o vento e o mar obedecem;
Ele é o Senhor que ressuscita os mortos;
Ele é o Senhor que opera milagres;
Ele é o Senhor para quem não existe impossíveis;
Ele é o Senhor que subsiste em Si mesmo;
Ele é o Senhor para quem, por quem e através de quem foram criadas todas as coisas;
Ele é o Senhor que venceu a morte;
Ele é o Senhor que expôs a humilhação todo principado e potestades do mal;
Ele é o Senhor que perdoa pecados;
Ele é o Senhor assentado a destra do Pai;
Ele é o Senhor glorificado;
Ele é o Senhor entronizado;
Ele é o Senhor que reina soberano sobre todos os reis, povos e nações;
Ele é o Senhor para quem todo joelho e toda língua confessará seu senhorio;
Ele é o Senhor da Vida;
Ele é o Senhor da morte;
Ele é o Senhor que esmagou a cabeça da serpente;
Ele é o Senhor acima de todas as coisas, que escolheu habitar em mim, que se inclina sobre mim como um pai sobre seus filhos, que me acolhe em seus braços como criança pequena.
Esse é o meu pastor. O Senhor do céu, da terra e do mar e tudo o que neles há. O Senhor de todos os seres angelicais, criador do universo, de todo o cosmos, de todos os universos e multiversos, de todas as dimensões e dos seres que nelas habitam, para quem Luz e Trevas nada são, porque todas as coisas estão diante d’Ele. O Senhor onde não há sobra de variação, para quem tudo é hoje, agora e já.

Este Senhor, onipotente, onipresente, onisciente, decidiu me amar, me buscar, me salvar e me guardar por toda vida em seu aprisco de amor. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O SENHOR É MEU PASTOR


O salmo vinte três me veio da parte do Senhor como a Palavra profética d’Ele para mim este ano. Longe das pataquadas neopentecostais que inventam “anos proféticos”, o que é uma tremenda mentira, essa é uma palavra particular de Deus para mim e somente para mim.
Assim, eu quero abrir o ano de 2016 meditando na primeira frase deste salmo. O Senhor é meu pastor.
Um pastor diligente, que quando me perco d’Ele, não hesita em me procurar seja onde for e não deixa de me procurar até me achar e me trazer de volta em segurança.
Um pastor corajoso, que ao ver o lobo sanguinário tentar me arrebatar, me matar, me fazer sua presa, o enfrenta, afugenta e me protege.
Um pastor amigo, que me conhece pelo nome e a quem conheço a voz. Onde estiver, sempre reconheço Sua Voz, sei quem Ele é e Ele sabe bem quem eu sou, me conhece pelo nome e pela profundidade do meu ser. Ele é o pastor que vê.
Um pastor cuidadoso, Ele me alimenta. Não de religião, não de dogmas, não de doutrinas, não de moralismos, não de paganismos, não de tolices, não de barganhas. Me alimenta com pastagens verdejantes da verdade do Evangelho. Me alimenta de Amor, de Compaixão, de Bondade, de Misericórdia, de Longanimidade, de Benignidade, de Perdão, de Alegria e Paz.
Um pastor-pai, que me orienta, aconselha, que me acompanha na minha caminhada e quando erro, me ensina pela Sua Palavra. Ele não me castiga, não me bate, me corrige com brandura e mansidão, mesmo quando as circunstancias da vida são duras, o seu fardo ainda é leve.
Um pastor amoroso, não um Amor de palavras, nem de emocionalíssimos, nem de exigências, nem obrigações, mas, um Amor que nasceu antes mesmo de eu reconhece-lo como meu pastor, um Amor que se deu, um Amor que se concretizou numa Cruz, um Amor em que Ele ocupou meu lugar numa Cruz para me salvar. Deu sua vida em resgate da minha.
Um pastor misericordioso, capaz de sentir minha dor, de compreender minhas falhas, minhas faltas, minhas fraquezas e humanidade. E quantas vezes for preciso me restaurar, me libertar, me curar, derramar balsamo sobre as feridas da vida, me socorrer dos terrores da noite, do mar bravio e das ondas que me afogam.
Um pastor firme, pois quando chega a época de me tosquiar, Ele o faz para o meu bem, mesmo que eu chore e sinta frio, Ele sabe que é preciso e assim o faz, para que eu me renove sempre, sempre e sempre. Para que eu dê lã mais pura, mais alva, cada vez mais.
É o pastor que me levanta todos os dias, me acompanha na minha jornada, que cuida de mim enquanto durmo, que vigilante zela por mim a todo instante, nada sobre mim passa desapercebido ao meu pastor.
E assim porque Ele é meu pastor, segura estou!