Eu

Eu

domingo, 27 de novembro de 2016

Abuso Emocional 2

ABUSO EMOCIONAL

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Oferta de Amor


Eis-me aqui!
esse vaso de barro,
imperfeito,
trincado,
mil vezes quebrado,
amassado,
moldado,
Feito e refeito,
E sempre refeito.
Nesse Altar
todo de Amor
me ofereço.
Eis-me aqui!
essa pequena serva,
tão frágil e fraca,
tão errante e muitas vezes,
cambaleante.
Que necessita a todo instante
da tua Graça.
Nesse Altar
todo de Amor
me ofereço.
Eis-me aqui!
essa tua filha,
adotada, amada, cuidada,
resgatada,
pela Cruz Eterna.
Nesse Altar
todo de Amor
me ofereço.
Eis-me aqui!
E o que Tu sonhas
seja minha verdade.
Eis-me aqui!
E o que Tu planeja
seja minha vontade.
Eis-me aqui!
E o que Tu crias
seja minha vida.
Eis-me aqui!
E o que tu falas
seja meu próprio ser.
Como oferta de Amor
A Ti me ofereço!
Tu que por mim
ofereces-te teu Filho.
Eis-me aqui!
Cumpre nessa serva,
Teu querer! Teu Amor!
De tal forma que:
Teu querer seja o meu,
Teu Amor seja o meu,
Teu sonhar seja o meu,
Teu falar seja o meu,
E que Tu sejas eu.
Eis-me aqui!




Candida Maria Ferreira da Silva

terça-feira, 28 de junho de 2016


Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.
Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.
De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.
Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,
Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.
Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja;
Efésios 5:21-29

Todos conhecem bem esses versículos da carta de Efésios, nesse capitulo Paulo elenca varias orientações para um viver santificado e agradável ao Senhor. Inicia, logo após, as recomendações familiares, preste atenção ele encerra as orientações para todo Corpo de Cristo e inicia as recomendações para o viver em família com a expressão: "sede submissos uns aos outros". A ordem de submissão quer dizer que devemos considerar o Outro sempre em primeiro lugar. Alteridade. Fazer bem ao outro, considerar o outro, abençoar o outro, ajudar o outro. Essência do Amor.
Depois, ele inicia com a submissão feminina, Paulo não acrescenta nada de novo ao papel feminino naquele período histórico, assim como na carta à Filemon, em que intercede pelo escravo Onésimo, não se posiciona contra a escravidão abertamente, fato corriqueiro na época, mas, a desconstrói completamente, ao igualar o escravo a si mesmo, e apelar a irmandade entre ele (Paulo), Onésimo e Filemon em Cristo, veja abaixo:
"Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, apelo em favor de meu filho Onésimo, que gerei enquanto estava preso. Ele antes lhe era inútil, mas agora é útil, tanto para você quanto para mim. Mando-o de volta a você, como se fosse o meu próprio coração. Gostaria de mantê-lo comigo para que me ajudasse em seu lugar enquanto estou preso por causa do evangelho.
Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado. Talvez ele tenha sido separado de você por algum tempo, para que você o tivesse de volta para sempre, não mais como escravo, mas, acima de escravo, como irmão amado. Para mim ele é um irmão muito amado, e ainda mais para você, tanto como pessoa quanto como cristão. Assim, se você me considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a mim".
A desconstrução dessas relações de opressões na época é o que fará o evangelho se expandir em terra romana, ao ponto de, para conte-la, Constantino "virar cristão" e inventar o cristianismo.
Ora, da mesma forma que pela lógica do Amor do Evangelho, Paulo desconstrói, também, a relação de opressão vivida pela mulher.
O apóstolo conhecia muito bem a situação feminina no mundo greco-romano e judaico. Para gregos a mulher era um animal imperfeito, sem alma, inábil, sem inteligência, desordenado, era tão inferior como um escravo, tanto que o amor "perfeito" se dava entre homens e não na relação heterossexual. Na cultura judaica a mulher era o mal encarnado, enganadora e culpada da entrada do pecado no mundo.
Paulo, mata de morte essa cultura ao insistir que os maridos amem as esposas como Cristo amou a igreja, entregando-se por ela. Ora, com que amor Cristo amou a igreja? Com amor de Filipenses 2. 1-11, deixando a sua Glória, tornando-se homem e sacrificando-se por ela numa morte de Cruz. Jesus mesmo designou-se muitas vezes como servo, "estou entre vós como quem serve". Jesus abriu mão de sua prerrogativa divina, por amor a sua igreja, Paulo continua a convocar os homens da época a uma relação absolutamente nova com suas mulheres ao dizer que ninguém é capaz de maltratar a si mesmo, posto isso, compreendemos que Paulo chama os homens para uma relação de igualdade com as mulheres. "Elas são sua própria carne" e ninguém pode se amar, se não ama sua mulher e ninguém odeia a si mesmo.
Toda relação de opressão, maus-tratos, negligencia, dominação, todo tipo de visão que nulificava a mulher é destruída pelo apóstolo nesses dois exemplos: o amor de Cristo pela igreja e o amor a si mesmo.
Contudo, a teologia misógina dos pais da igreja, dos teólogos católicos e depois protestantes, vão beber na fonte do pensamento grego e judaico contra a mulher, do que o ensinamento do Evangelho e o exemplo de Jesus na sua revolucionária e extraordinária relação com as mulheres, desde a sua gestação, passando pelo seu ministério, sua crucificação e ressurreição.
Ele destrói todo machismo, toda visão misógina. Ele, assim como na questão de Onésimo não faz um tratado contra a escravidão e contra a opressão feminina, mas, as desconstrói completamente quando apela a Filemon a olhar Onésimo como se fosse ele próprio, como m irmão em Cristo. Assim, como desconstrói todo machismo reinante na época ao chamar os homens a servirem as mulheres e a tê-las como parte de si, como na primeira fala de Adão ao ver a mulher: Será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. É ossos dos meus ossos, carne da minha carne". Essa é uma declaração ABSOLUTAMENTE igualitária, sem divisão, sem hierarquização dos gêneros e Paulo, chama novamente aos homens, que vivem o evangelho, a essa relação de submissão mutua e abandono dos costumes opressores contra as mulheres já reinante na época. Esse é o amor sacrificial, abrir mão da hierarquização dos gêneros, da opressão e tratar a sua mulher como trata a si mesmo. Um desafio em tanto....

“E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi”.
Genesis 3. 13

Culpada! Maldita! Maligna! Porta do inferno! Sem alma! Enviada de satanás…é a mulher já foi e continua sendo na teologia misógina tudo isso, além de influenciar fieis, também se constituiu como um fato social, de tão maligna, precisava de freios e esse freio só poderia ser dado por um homem.
Mas, com atrevimento de culpada, maldita, maligna e outros adjetivos sombrios que quero pensar sobre esse momento de Eva e a serpente e seu comportamento após os fatos ocorridos.
Primeiro estamos tratando sobre CONHECIMENTO, temos um ser pensante chamada Eva, a quem foi dada a ordem de cuidar e dominar a criação. Ela estava tendo um trabalho duro de pensar, dar significado a tudo o que estava ao seu redor, criar um mundo, um sistema, uma linguagem.
É no meio desse trabalho de reflexão que a serpente entra com suas insinuações. Interessante é que ela a atrai exatamente naquilo que está envolvida: conhecer, pensar.
Ela distorce a verdade: “ORA, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim”? Gn 1 Eva, responde a verdade “Não, de todas as arvores não, da arvores do conhecimento do bem e do mal não devemos comer, por que morreremos. ” Em contrapartida a serpente lança sua isca: “Não. Não, vocês não vão morrer! Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. ”
Em outras palavras: Deus está mentindo, Ele só não quer que vocês saibam tudo, sejam livres, conheçam como Ele conhece...sejam como Ele, deuses.
E Eva “vendo que a arvore era boa para dar conhecimento”, tomou do fruto, comeu e deu ao seu marido. Não estamos diante de um ser idiotado, mas, de alguém pensante, que construía naquele momento um sistema de sociedade com seu parceiro utilizando sua total capacidade cognitiva.
A questão para Eva era conhecer mais, aprofundar-se nos mistérios que aquele mundo lhe proporcionava e a serpente usa seu sempre astuto ardil a distorção da verdade...ah não é bem assim!
Eles eram livres para desfrutar de tudo, mas, havia um limite. O limite não era o medo de Deus a respeito de uma sabedoria que não queria repartir. O limite era pedagógico. Para haver liberdade há de se haver limites ou caímos na libertinagem. Para haver democracia há de haver limites senão caímos no anarquismo. O limite postos e bem claros são a base da liberdade humana. A falta de limites causa o aprisionamento do ser.
Satanás usa uma estratégia bem conhecida: se não tem tudo não tem nada. Não é sempre assim? A distorção da verdade, sempre com a aparência de piedade e bondade? Nunca o horror que ela esconde, no caso, o desenrolar dos fatos ocorridos: quebra do relacionamento com Deus, entre o casal, o desastre cósmico, o desastre da natureza e pôr fim a morte.
Havia um limite ao conhecimento? Não, não havia nenhum limite ao conhecimento deles (casal adâmico). Havia um limite para o uso da liberdade com responsabilidade.
Eva, não precisava “ser como Deus”, ela já tinha essa Imago Dei definida e estruturada nela. Tinha liberdade para relacionar-se com Deus e conhecer tudo o que quisesse. Mas, dar-se limite era essencial para viver sua liberdade.
Atraída a um saber sem limites, Eva desconheceu o limite imposto e caiu. Mas, a história não acaba aqui. Confrontada sobre seu ato ela corajosamente assume o que fez. Ela reflete sobre si mesma, que foi enganada e que comeu. Não usa subterfúgios. Fui enganada e comi.
As consequências logo vieram: a terra se tornou maldita, o trabalho árduo, a serpente rastejante, a dores do parto maiores, a expulsão do paraíso e a morte física.
Mas, na tríade Deus- mulher- serpente, acontece algo muito interessante. A serpente e a mulher se tornam INIMIGAS, eternas inimigas. Lembrando que a serpente aqui representa satanás, o mal, lúcifer, temos uma interessante revelação: satanás e toda a sua turma maligna odeia a mulher. Em todos os tempos, lugares e religiões mulheres são perseguidas e maltratadas, para além das razões sociais e históricas, hoje chamo atenção para a transcendência da violência, da perseguição, da desvalorização sistemática da mulher.
A semente da mulher destruirá a serpente, Deus está falando do Cordeiro Imolado antes da Fundação do Mundo, é na legalidade do nascer humano que o Cordeiro, Filho do Deus Vivo, o Deus Eterno na blasfêmia para os judeus, na loucura para os gregos, se faz homem, entra na história.
Se a serpente a enganou e a mulher foi o veículo para a queda, ela agora, ela era o veículo para a abrigar em seu corpo. Aquele que nos abrigaria na Graça. A mulher foi o primeiro templo de Deus.
Disforme nas entranhas de sua mãe, Jesus, a tinha como um templo que o guardava como grande tesouro.
A serpente há de morder teu calcanhar. Para Maria foi profetizado que uma espada transpassaria seu coração. E foi, o filho que carregou no seu ventre, nos seus braços, que amamentou no seu seio, agora na Cruz lhe trazia o perdão e a Graça. Sim, Maria viu seu filho Jesus morrer. Maria viu seu Senhor, o Cristo ressuscitar.
Assim como sua vinda a esse mundo foi um segredo contado primeiro apenas as mulheres. Maria, Isabel. Agora o Senhor ressurreto era sabido e reconhecido pelas mulheres.
Assim, Deus pela história fez parcerias com as mulheres, elas lhe foram fieis em seu ministério terreno. Doando de si mesmas a vida, o sustento, estando ao seu lado no momento do seu tormento.
Agora, elas sabiam por seu amor e cuidado com Ele que seu tumulo estava vazio e o Rei ressuscitara.
Quando tomou do fruto e comeu, Eva nunca iria imaginar que seu “erro” fosse abrir caminho par a maior história de Amor do mundo. Quando foi “condenada”, não sabia que já estava sendo redimida. Quando caiu, nem se deu conta o quanto estava sendo exaltada. Com Deus é assim.
E sua aliança conosco persiste. Agora todas nós podemos ser templos de Cristo, pela Cruz. Todas nós o gestamos em nós e somos gestadas por Ele. Todas nós somos seu perfume, todas nós somos sua carta, todas nós somos suas sacerdotisas, suas amigas, suas servas.
A serpente enganou Eva e trouxe morte. Deus redimiu Eva e trouxe vida. Eva quis o conhecimento pleno e o obteve não como pensava, mas, na plenitude dos tempos Cristo veio ao mundo e redimida, reconhecendo o Seu Senhor, Eva agora sabe tudo plenamente, muito além do que podia saber naquele longínquo dia no Éden.




domingo, 26 de junho de 2016

O IMPORTANTE FOI RESISTIR!



Nascido em 22 de janeiro de 1911, filho de Inácio Rodrigues de Lima e Apolinária Estranquelina de Oliveira, o pai, quilombola, oriundo de Mituaçu na Paraíba (Comunidade de Preto reconhecida e certificada nos dias atuais), deu continuidade das práticas tradicionais quilombolas de trabalhar com a terra. A mãe, uma pioneira, sendo negra e mulher, era professora primária, no início do século XX, onde até mesmo a mulher branca era educada somente para os cuidados do lar.
Desse casal, José Vicente aprenderia a importância da resistência, luta e educação. Apoiado pela família formou-se contador e depois economista.
Foi diretor do departamento de economia da federação do comercio varejista de Pernambuco entre os anos de 1943 a 1958. Também, exerceu a direção contábil e patrimonial do SENAC entre 1958 a 1963 e a direção regional do SENAC entre os anos de 1963 a 1968. Em 1968 organizou e instalou o Centro de Aperfeiçoamento e Qualificação profissional para o comércio do SENAC.
Durante o governo João Goulart foi presidente da COAP (Comissão de abastecimento) de Pernambuco.
Na Universidade Federal Rural de Pernambuco, organizou e implementou a contabilidade, chefiando o órgão entre 1957 e 1960. E entre 1960 a 1969 dirigiu a divisão de contabilidade e orçamento e foi membro da comissão de planejamento universitário.
Assessorou a presidência da Federação do Comercio Varejista de Pernambuco. Organizou e instalou o Conselho Regional de Contabilidade – seção de Pernambuco. Fundou a Federação Nacional de Economistas onde foi seu segundo vice-presidente.
Como sindicalista, teve uma militância produtiva: presidiu o Sindicato dos Economistas Profissionais de Pernambuco, sendo hoje sócio benemérito.
Organizou e instalou os seguintes sindicatos: dos Trabalhadores em energia termo elétrica de Recife, dos Trabalhadores da Industria do vidro, cristais e espelhos do Recife.
Além de sua vida profissional e militância sindicalista, José Vicente era também um militante aguerrido da causa negra. Num contexto de ideologia de embranquecimento e higienista do governo de Agamenon Magalhães a fundação da Frente Negra Pernambucana fazia um enfrentamento e projetando a situação social, econômica e o racismo enfrentado pelos negros.
A Frente Negra Brasileira no Rio de Janeiro foi um dos movimentos impactantes do período pós-abolição com forte orientação da educação como forma de ascensão social.
A Frente Negra Pernambucana não se diferenciava na orientação em entrevista ao Jornal Djumbay, José Vicente fala da chegada da Frente Negra através da visita de Barros “o mulato”, vindo do Rio Grande do Sul e que com Solano Trindade, José Albuquerque e Gerson Monteiro Lima a entidade em Pernambuco teve seu início.
Nesta mesma entrevista José Vicente analisa a importância da Frente Negra: “O fato marcante da Frente Negra foi a posição que o negro tomou de se defender e lutar não só contra o preconceito, mas, sobretudo lutar por uma projeção da sociedade”.
No centena rio da abolição em 1988, o Diário de Pernambuco fez uma edição especial comemorativa, sendo José Vicente um dos entrevistados, sobre a Frente Negra Pernambucana ele faz a seguinte avaliação que “redimir o negro da condição de semi-escravo, sem acesso aos meios de progresso e ascensão social e econômico, ou seja, sem chances de escolaridade e, por decorrência, sem lugar no mercado de trabalho qualificado.
Nesta mesma entrevista ele toca na ferida, ainda aberta, da não aceitação do negro por si mesmo, ou o preconceito as avessas, conforme a ascensão social e econômica muitos negros naquela época não queriam nem mesmo “tocar no assunto” do preconceito e da negritude e conclui: “quando a gente não se reconhece como negros estamos formando a frente dos brancos.”
Ao tocar no “lugar social do negro” e a transgressão de sair desse lugar, estudando, formando-se e assumindo postos de trabalho em que “não deveriam estar”, mostra com analise muito apurada que o preconceito se evidencia ou mostra-se de forma não velada. E dá seu exemplo em que era menosprezado nos tempos do Ginásio Pernambucano sendo chamado de “macaco”.
No prefacio do livro do historiador Humberto Gibson Palmares – Troia Negra ele assim se define “Tanto eu como Gibson descendemos de uma família de agricultores de Mituaçu dos Creoulos, localizado as marges do rio Gramame, no estado da Paraíba, que emigrou no passado uma de suas raízes para Pernambuco. Somente podemos dizer: recebemos o recado”.
E qual recado se referia José Vicente? A resistência e a luta. Simbolo máximo dos quilombos, herança máxima de todo negro.
Para José Vicente o caminho se dava através da educação e por isso fundou o Centro de Cultura Afro-brasileira que tinha como objetivo elaborar estudos e pesquisas sobre a cultura afro-brasileira. Visionário, José Vicente se antecipava na década de 30 a ações que somente nos anos 2000 através das Politicas de Igualdade Racial começaram a ser realmente implantadas como politicas publicas: a lei 10. 639/03 que insere no currículo escolar a historia da africa e historia da cultura afro-brasileira, as ações afirmativas no meio educacional universitário que possibilitaram a entrada de mais de 200% de jovens negros no ensino superior, e as ações afirmativas em concursos públicos aumentando o numero de negros na administração publica.
Na vida politica participou do PTB, hoje PDT, sendo assessor de Josué de Castro. Faz uma critica pertinente na época, que os partidos políticos não levavam a seria a pauta do movimento negro. Correto, na década de 30, como alguns partidos hoje, veem a questão do negro como questão de classe e não de preconceito e racismo. Somente a redemocratização e partidos mais alinhados a esquerda como PDT e PT vão fomentar com sua militância as  discussões e as politicas publicas hoje implementadas.
Critica o esfacelamento do movimento negro e aponta para o individualismo de ascensão social pontuais e não uma conscientização coletiva do negro e sua cultura.
Suas criticas muito pertinentes na década de 80. Hoje, se vivo fosse, avaliaria os avanços do movimento negro e as politicas publicas implementadas como positiva, contudo, não deixaria de criticar que as mudanças estruturais necessárias, principalmente na educação, para a saída da inferioridade econômica e a permanência na condição de semi-escravos ainda não foram realizadas e estamos distantes de mudar a realidade dos negros no Brasil.
José Vicente encarnou os ideais quilombolas: Resistir e Lutar! Fez sua parte militando no movimento negro, na vida sindical, apontando a educação como porta de saída da inferioridade social e econômica do negro, na luta pela conscientização do negro em relação a sua cultura e identidade. Na década de 30 ao Fundar a Frente Negra Brasileira tinha uma pauta progressista, desafiadora, visionária, que ainda se faz presente no movimento negro e ainda é pauta de luta de todo negro brasileiro.
Esse homem visionário e lutador é meu pai. E, recebi seu recado: O importante é resistir!

Candida Maria Ferreira da Silva

Diário de Pernambuco. Recife, 17 de Maio de 1988
Djumbay – Informativo da comunidade negra. Nº 1, março de 1992, pag 3.

SILVA, Fátima Aparecida. Frente Negra Pernambucana e sua proposta de educação para a população negra na ótica de um dos seus fundadores: José Vicente Rodrigues de Lima – desada de 30. Fortaleza: 2008


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Le Bizarro


Venham! Venham! Senhoras e senhores
Meninos e meninas
Ao espetáculo do século
Do Grand Cirque Bizarro!
Tem palhaço que faz palhaçada
Homem que cheira enxofre
E no trem fantasma: um torturador!
Nesse grande circo de mentiras inventadas
Honra é desonra, ética não se conhece e nunca se viu moral
Homens e mulheres mentem de cara lavada!
O ponto alto é o show de ratos
Enfileirados e obedientes
Dançando conforme a música do temerário
Flautista,
E do homem que virou diabo
As ideias não correspondem aos fatos
As histórias não correspondem aos atos
Os ratos dançam e cantam alegres
E refastelados.
De última hora eis que salvam o rabo
Da ratoeira,
Jogando a ovelha na fogueira!
Ratos de família!
Ratos de bem!
Ratos de deus!
Vivem nos esgotos a tanto tempo
Que o mau cheiro da podridão
Entranhada em suas vísceras
Não o fazem capazes de saber
Perceber
Entender
Que morreram em vida
E que seu espetáculo patético
Girando a aldeia global
Envergonha a terra
Onde o picadeiro
Do seu espetáculo deprimente
É armado.
Sim senhoras e senhores
Meninos e meninas
Venham assistir
Aos espetáculos de horrores
Do palhaço e do homem
Que fede enxofre
Do homem que involuiu
De sapiens
A ustramonstrotorturios
E dos ratos obedientes e dançantes
Do flautista temerário.
Aplaudido por milhares
Homens de bem
Mulheres do lar
Bondosos cristãos
Todos bichos escrotos
Saídos dos esgotos
A destroçar o nosso paladar!

sábado, 2 de abril de 2016

Guest Post de Amanda Anderson

Deplorável é ver a desconstrução do gênero feminino, conquistado através de lutas seculares. O machismo, conotado desde o início de sua gestão por muitos historiadores políticos, seria inevitável à primeira mulher a atingir a Presidência do Brasil.
Aos que não conhecem, todos os sinônimos usados na capa desta revista referem-se ao termo "histeria", uma conotação machista e sexista, referência de uma doença condicionada ao gênero feminino, proveniente do útero e criada para justificar funções estéreis da mulher que resultam em descontrole, vejamos sua classificação:
Significado de Histeria
s.f. Medicina. Antigo. Doença nervosa que, possivelmente, tem sua origem no útero e pode ser definida pelo aparecimento de convulsões.
Comportamento que se define pelo exagero de sentimentos emotivos ou provocado por outros motivos.
Psicanálise. Neurose definida pela ação de recalcar inconscientemente os impulsos, sendo estes manifestados (fisicamente) pelo corpo.
Psiquiatria. Neurose demonstrada por impulsos corporais, embora não haja problemas de ordem orgânica.
Histeria de Angústia. Psicanálise. Caracterizada pelo excesso de fobias e angústias.
Histeria de Conversão. Psicanálise. Caracterizada pela ação de transformar os problemas psíquicos ou emocionais em sintomas físicos.
Histeria de Dissociação. Caracterizada pela influência dos problemas de ordem psíquica na consciência e na identidade.
Sinônimos: Falta de controle emocional, geralmente, acompanhada por gritos ou gestos descontrolados.
Nervosismo; excesso de irritação, de exaltação. (Dicionário OnLine de Português)
Melhor explicita Joviane Moura (2009) que:
A palavra histeria – histeros, que em grego, quer dizer útero- ao longo da história estava, por definição ligada de forma indissociável ao feminino e com o sexual. Na Idade Média a Histeria passou a ser definida como possessão pelo demônio.
Essa terminologia foi usada, durante a idade média como classificação de mulheres que deveriam ser “exorcizadas”, muitas tendo ceifada sua vida nesse processo de cura ou queimadas em praça pública. Personagens históricos como Joana d’Arc, Santa Tereza, Santa Isabel, Santa Brigida e tantas outras (RODHEN, Fabiola; 2001), foram classificadas, cada uma em sua época, de histéricas e demonizadas, condenadas a morte por serem indignas de confiança por sua instabilidade.
Assim, desde as primeiras citações desta doença por Hipócrates e Platão, depois amplamente discutidas por Freud, essa doença era mais comum em mulheres que não cumpriam seu papel social, ou seja, aquelas que não permaneciam na forma social a ela delegada, como reprodutora e mulher exemplar nos cuidados com seu marido, prole e sua casa, facilmente atribuída àquelas mulheres que resolviam lutar por sua liberdade.
Na Idade Média, o papel da mulher não havia sofrido grandes alterações em sua essência e o caráter extremamente religioso da época contribuiu para que mulheres histéricas fossem consideradas bruxas, devido a manifestação de seus sintomas. Fica bastante evidente, portanto, a violência com que eram recebidos esses sintomas, considerados como algo do mau (Ávila & Terra, 2010; Leite, 2012)
Neste contexto, a analise mais critica das atitudes machistas que se prolongam durante os séculos, subvertendo lutas por direitos igualitários de um gênero suprimido, nos trás à tona as práticas mais degradantes de nossa mídia, alicerçada por muitas do gênero feminino que desconhecem sua história e as lutas de seu gênero por séculos.
As questões de gênero tem sido reprimidas em âmbito nacional, como uma falácia denominada “ideologia de gênero”, terminologia criada como forma de descaracterizar as lutas de classe - sejam ela de identidade de gênero ou sexo biológico - com o apoio de muitas que não percebem o crescimento do conservadorismo e da retirada de seus próprios direitos.
Usar sinônimos de uma doença que condenou inúmeras mulheres a morte pela luta de igualdade em direitos para classificar uma Chefe de Estado é, no mínimo, retroceder à praticas arcaicas, sido crescentes na atual onde de retiradas de direitos pelo crescente fascismo conservador, trazendo à tona o machismo que quebramos todos os dias e nos mostrando o avanço, apoiados pela mídia, daqueles que, além de tirarem direitos, jamais aceitarão a igualdade de gêneros e a luta daquelas que deram sua vida pela liberdade regrada que possuímos atualmente.
REFERÊNCIAS
ÁVILA, L. A. & Terra, J. R. Histeria e somatização: o que mudou?. Jornal Brasileiro de Psiquiatria: 2010. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/…/A_Histeria_antes_de_Charcot_e_de_Freud>.
Dicionário On Line de Português. Histeria. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/histeria/>.
MOURA, J.; Introdução à Histeria. Psicologado, 2009. Disponível em: <https://psicologado.com/a…/psicanalise/introducao-a-histeria>.
Riter, H. A Histeria antes de Charcot e de Freud. Revista OnLine: Psicopatologia. UFRGS: 2013. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/…/A_Histeria_antes_de_Charcot_e_de_Freud>
RODHEN, F. UMA CIÊNCIA DA DIFERENÇA: sexo e gênero na medicina da mulher, 2ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001.
SCOTTI, S. A histeria em Freud e Flaubert. In: Estudos de Psicologia Universidade Federal de Santa Catarina; 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v7n2/a14v07n2.pdf>.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O SENHOR É MEU PASTOR!


“Deitar-me faz em verdes pastos”

É a função do pastor levar as ovelhas a lugares de descanso e onde possam alimentar-se. Muitas vezes a caminhada pode ser dura, desértica, pedregosa, montanhosa e escarpada, mas, em algum momento da caminhada o pastor conduzirá a ovelha a um lugar de repouso e alimento.
Nosso pastor assim faz conosco, nossa caminhada na vida pode ser muito dura por vezes. Doenças, perdas, frustrações, decepções, traições, desertos que parecem nunca ter fim, caminhos pedregosos que ferem nossos pés, montanhas escarpadas que nos levam ao limite, por outros mares revoltos com ondas que parecem nos engolir e tragar ou uma travessia gélida de queimar a alma.
Nessa hora em que assim caminhamos pensamos estar perdidos e que certamente morreremos, afinal não há alimento, não há descanso e muitas vezes perdemos de vista o pastor. Pensamos, como eu já pensei: Me abandonaste! Sem saber, na minha precipitação, que naquele momento, naquela travessia, era o qual meu pastor estava mais próximo e atento.
Mas, cessarão os problemas e as travessias difíceis? Não. Nosso pastor nunca nos prometeu isso, muito pelo contrário taxativamente nos disse: “No mundo tereis aflições”, mas, “tende bom animo eu venci o mundo”.
Os verdes pastos não estão fora de nós. Os verdes pastos são encontrados por aquele que entrando pela porta, que é o nosso pastor, saí e encontra as pastagens. Ora, nosso pastor está e habita conosco. Onde estão os verdes pastos ou quem é a pastagem? Nosso próprio pastor.
Então, seja o caminho que tivermos que caminhar, tenho nosso pastor conosco, sempre haverá verdes pastos para deitar e descansar. Nosso trabalho é descansar no Senhor, que é nossos verdes pastos. Deite e descanse, mesmo que ao redor seja tribulação.




domingo, 17 de janeiro de 2016

BELEZA PURA


Quando essa preta
Começa a tratar do cabelo
É de se olhar
Toda trama da trança
Transa do cabelo
Conchas do mar
Ela manda buscar
Prá botar no cabelo
Toda minúcia, toda delícia...
(Beleza Pura – Caetano Veloso)

O que é beleza? Estamos falando de um conceito antropológico e socialmente construído. Ele não é igual em todos lugares no mundo e nem em todas as sociedades. Contudo, beleza, também, se tornou uma mercadoria, um item de consumo cada vez mais caro, com a promessa de trazer felicidade, aceitação, poder, ascensão e quem sabe alguns minutos na babel televisiva, no caldeirão das celebridades?
Os padrões de beleza variam conforme os períodos históricos e consequentemente seus modos de produção. E, por muito tempo teve um forte recorte de gênero: beleza era, conforme o padrão da época, um atributo desejável para uma mulher e facilitador para casamentos.
Na mitologia grega a beleza foi personificada por uma deusa Afrodite ou Vênus. Entre os egípcios, Hator, entre os hindus Lakshmi, no panteão dos Orixás, Oxum.
A descoberta de outros povos, com outras cores, com outras formações corporais, trouxe estranhamento e perplexidade. Haviam indianos, japoneses, chineses, índios, gente de cor negra. Apesar da Antiguidade já registrar o contato entre os povos romanos, judeus, egípcios, gregos, orientais, entre outros.
Mas, o padrão europeu prevaleceu como o padrão de beleza, penso eu, muito ligado ao padrão Grego. Com o advento do capitalismo a beleza deixou de ser apenas um atributo desejável, divino, transcendente do ponto de vista da estética para se tornar, como assinalei acima, mercadoria. E que beleza é essa? Ela é branca, loira, de olhos azuis ou verdes (preferencialmente), de corpo perfeito (barriga negativa), sarada, com muito peito e muita bunda!!!! Hoje é Gisele Bündchen, o padrão de beleza (uma brasileira???) perfeito. Quando eu era garota, Xuxa Meneghel a e suas paquitas eram o padrão perfeito da beleza.
E, ser negra na ditadura das loiras era ser feia. Lembro que Zezé Motta foi uma das primeiras atrizes a protagonizar uma personagem fora dos estereótipos que a TV aponta para nós, não lembro a novela, mas, ela fazia par romântico com Marcos Paulo (que seria o Ricardo Tozzi, Cauã Raymond, Marcos Pigossi de hoje) e, pasmem, não era empregada doméstica! Era uma arquiteta, paisagista. Obvio que o tema preconceito veio à tona e me lembro de uma radialista, hoje em cargo legislativo, fazia em seu programa comentários sobre novelas e outros temas televisivos. O tema era então o preconceito que a sociedade vinha demostrando com o estranhamento daquele casal interracial e me lembro como hoje que ao invés de debater o preconceito a referida jornalista me saiu com a seguinte pérola: “Zezé Motta é uma negra feia…. Eu não a acho bonita! ” Bem, ninguém estava falando se Zezé Motta era feia ou bonita, o debate era a reação da sociedade ao casal interracial…, mas, naquele momento, eu uma garota, uma adolescente, ouvir isso repercutiu em mim, porque (feia ou bonita), aquela era a primeira vez que eu via uma atriz negra protagonizando uma história de amor interracial e não ocupando os lugares que a sociedade sempre diz que deve ser de uma preta: serviçal, subempregada, desfrutável, favelada barraqueira. E, ela era a negra feia e, portanto, como é que podia “namorar” o galã Marcos Paulo, nem que fosse na ficção?
Eu ouvi muitas vezes que devia alisar meu cabelo duro, meu pixaim, meu cabelo Bombril, meu cabelo feio, era o tal de “arrumar o cabelo”, e lá sofri anos (desde pequena), com pasta alisante, henê, ferro e chapinha baiana, óleo alisante, creme alisante...E tudo detonava meu cabelo, porque ele é muito fino e frágil...então eu estava sempre com aquele cabelo seco, sem vida, quebrado, detonado. Mas, afinal, na ditadura das loiras, brancas, o cabelo precisava ser liso, “bom”.
Ouvia muito também o tal de: morena, moreninha, morena jambo…e “até que você é bonitinha”, ou então “Olha como é exótica! ”
Eu não entendia porque os meninos não queriam namorar comigo e se rolava uma festa, eles queriam ficar e abusar...só depois é que eu fui aprender que a “neguinha” é para usar…Mesmo que na festa eu fosse a “garota” mais “linda”, tão “linda” que as meninas ficavam com raiva e os meninos que não queriam me namorar ficavam de boca aberta! Eu tinha um lugar que a sociedade já me marcara para ficar!
Mas, foi somente o processo de conscientização sobre a minha negritude que começou na faculdade que me trouxe libertação. A primeira transgressão foi usar as traças nagô (após uma grande briga com minha mãe) e qual foi o meu espanto ao olhar pela primeira vez a minha beleza negra e poder dizer para mim mesma: Meu Deus eu sou bonita!
A partir daí foram as tranças, meus grandes brincos, colares, pulseiras, batons que valorizavam minha negritude e quando passava deixava muitas bocas abertas, muitos olhares acompanhando, aquela preta abusada que ousava a não ficar no lugar que “marcaram para ela”.
Mas, nossa sociedade também passou por mudanças, negros começaram a ascender socialmente, revistas especializadas tratavam da “nossa beleza”, negras e negros “bonitos” começaram a ter destaque na TV e finalmente as mídias sociais “soltaram o verbo”, nos desprenderam das mídias oficiais e pretos e pretas “lindas” saíram do anonimato. Ver-se, reconhecer-se é importante! Porque você passa a ser existente, o menino e a menina tem sua boneca, tem seus heróis...as mulheres de meia idade tem uma Viola Davis, fazendo uma personagem poderosa, linda, sexy, sem corpo sarado e barriga negativa. Que maravilhosa!
Turbantes, tranças nagôs, cabelos naturais, vestidos coloridos, floridos, com motivos étnicos, brincos, colares, pulseiras, maquiagens..., Mas, Candida isso é a indústria da beleza! Sim, eu sei, mas, ela precisou se ampliar e se render a uma população que até duas décadas atrás não existia.
E fazê-la se render a nós é uma vitória, porque ela tem que dizer: pretos e pretas existem. E existem de várias formas: baixos, altos, gordos, magros, heterossexuais, homossexuais, pretos de vários tons de cor, todos eles trançando seus cabelos, usando seus turbantes, assumindo seus cabelos, fazendo moda, criando tendência, fazendo história nas redes sociais, exibindo sua beleza variada, desafiando a “ditadura da beleza” que a sociedade impõe, até para nós pretos, porque agora tem aquele tipo de preto e preta bonita: o corpo perfeito, os longos cabelos crespos, um rosto “mais fino”...
E você Candida? Bem, eu assumi meus turbantes, minhas tranças novamente (abusadamente loiras...quem disse que eu não posso ser loira????) E agora meus cabelos naturais e simmmmm...SOU BONITA! Sou uma Candace (rainhas guerreiras africanas), uma Nefertite (rainha da XVIII dinastia do Antigo Egito, esposa principal do faraó Amenófis IV, mais conhecido como Aquenáton.), fiz uma selfie em que fiquei a cópia de Nefertite....Minhas fotos não têm filtro, photoshop, no máximo eu estou lá com meu batom ou cara limpa, e agora me olho e vejo uma linda mulher. Uma preta, com uma história, uma preta com uma alma poeta, uma preta com sua espiritualidade, uma preta que desafiou os “lugares que devia ficar”, uma preta que se descobriu não de fora para dentro, mas, de dentro para fora, que desabrochou como uma linda e esplendorosa Flor de Novembro.
Eu não pareço com a atriz A ou C. Nem com a miss D ou E. Nem com a cantora X ou Y, eu pareço comigo. Elas são bonitas? Não sei, eu as vejo sempre maquiadas, em fotos de photoshop.... Você é bonita? Ah....eu sou.…quando eu olho a minha história, que se junta a história da minha mãe, da minha avó, da minha bisavó e de meus ancestrais…. Eu sou muito, muito bela...Eu sou Beleza Pura! E cada preta, cada preto, cada branco, cada pessoa deve descobrir sua Beleza Pura. Porque toda gente é bonita de natureza! E, o mais lindo que se pode fazer é transgredir a ditadura da beleza que se impõe a nós. Transgrida, descubra-se, desabroche e faça sua escolha de quem você é e não do que dizem quem você deve ser!

Candida Maria




sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A morte de Antônio Pompêo e o racismo nosso de cada dia - Brasileiros

A morte de Antônio Pompêo e o racismo nosso de cada dia - Brasileiros

LEITÃO DETONADO POR PADRE!

Nesta foto Fabio de Melo confessa ter detonado um leitão, ainda faz pose de ostentação com sorvetes da Kibon
Não houve uma noticia sobre o fato, mas este blog não deixará em branco o fato. Eis a noticia: 
Datena: Padre detona leitão e posa em foto com sorvete. Me ajuda ai. Detonar um leitão? Isso e falta de Deus no coração! Urgente! Comandante Hamilton sobrevoa sitio do padre que detonou o leirão
Fala comandante Hamilton! "Pois é Datena, estamos sobrevoando o sitio do padre, mas, parece que ele continua foragido. Podemos ver aqui do alto uma fuga em massa de galinhas!
Marcelo Resende: Meu senhor e minha senhora olhe bem essa foto. Você esta olhando? Essa é a foto de um padre. Como um padre sem batina? Mas, meu senhor e minha senhora o que pode ser pior do que um padre sem batina? O que fez esse padre? Detonou um leitão, isso mesmo, detonou um leitão e postou nas redes sociais. Como um ser humano chega a esse ponto, eu lhe pergunto?
Sherazade: Padre detona leitão. A sociedade não aguenta mais os leitões. Ta com pena, leva pra casa!
Boechat: Padre detona leitão e posta foto fazendo piada. Gostaria de saber o que o Papa pensa disso.
Ilse Escamparine: O papa disse estar rezando pela alma do leitão.
Bonner: O famoso padre Fabio de Melo e acusado de detonar um leitão. Uma galinha em delação premiada diz que o padre faz parte de um esquema de detonadores de leitões.
Veja: Padre detona leitão. Dilma e Lula sabiam!
Época: Leitão detonado por padre foi presente do filho de Lula.
Sonia Abraão: Vamos acompanhar ao vivo o enterro dos restos mortais do leitão detonado pelo padre Fabio de Melo. Aqui nos estúdios a família do leitão conta a dor dessa perda.
William Waack: O leitão detonado pelo padre influiu diretamente na crise econômica brasileira e a nota do Brasil foi rebaixada novamente.
Globo Repórter: padres que detonam leitões. Quem são? Como vivem? O que pensam? Sexta-feira no Globo Repórter.
Os antipetistas: Como sempre a turma dos petralhas estão envolvidos. Fora Dilma!
Os petistas: Esse padre é amigo do Aécio! Fora Cunha!
Nas redes sociais: Movimento faça um tribonn em defesa da vida dos leitões.
Rede Record News: Leitão detonado era fiel da Igreja Universal. Edir Macedo pede investigação rigorosa das autoridades portuguesas, caso, pode ser de intolerância religiosa.
EI, Hamaas, Al-quaeda: Não fomos nós, quem odeia leitão é Israel.
Al- Jazzira: Leitão detonado leva tensão entre Palestinos e Israelenses. Padre detonador é reconhecidamente amigo de Israel.
Grupos ambientalistas lançam campanha "leitões merecem viver"
Silas Malafaia: Vagabundo, rapá, fica dando mole pra esses caras, se fazendo de anjinho, taí: Detonou o leitão sem dor nem piedade.
Apostolo Waldemiro: detonou um leitão é? HIHIHI, que coisa terrível. Se ainda fosse uma ovelha!
Rede TV: um padre, em algum lugar, detonou um suíno, mas, não se sabe como...


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O SENHOR É MEU PASTOR



Ontem meditei sobre a primeira frase do salmo 23, focando no pastor, quem era e é meu pastor, Jesus. Hoje quero pensar no fato que este não é qualquer pastor, além de pastor ele é Senhor.
Ele é o Senhor que anda sobre as águas;
Ele é o Senhor que o vento e o mar obedecem;
Ele é o Senhor que ressuscita os mortos;
Ele é o Senhor que opera milagres;
Ele é o Senhor para quem não existe impossíveis;
Ele é o Senhor que subsiste em Si mesmo;
Ele é o Senhor para quem, por quem e através de quem foram criadas todas as coisas;
Ele é o Senhor que venceu a morte;
Ele é o Senhor que expôs a humilhação todo principado e potestades do mal;
Ele é o Senhor que perdoa pecados;
Ele é o Senhor assentado a destra do Pai;
Ele é o Senhor glorificado;
Ele é o Senhor entronizado;
Ele é o Senhor que reina soberano sobre todos os reis, povos e nações;
Ele é o Senhor para quem todo joelho e toda língua confessará seu senhorio;
Ele é o Senhor da Vida;
Ele é o Senhor da morte;
Ele é o Senhor que esmagou a cabeça da serpente;
Ele é o Senhor acima de todas as coisas, que escolheu habitar em mim, que se inclina sobre mim como um pai sobre seus filhos, que me acolhe em seus braços como criança pequena.
Esse é o meu pastor. O Senhor do céu, da terra e do mar e tudo o que neles há. O Senhor de todos os seres angelicais, criador do universo, de todo o cosmos, de todos os universos e multiversos, de todas as dimensões e dos seres que nelas habitam, para quem Luz e Trevas nada são, porque todas as coisas estão diante d’Ele. O Senhor onde não há sobra de variação, para quem tudo é hoje, agora e já.

Este Senhor, onipotente, onipresente, onisciente, decidiu me amar, me buscar, me salvar e me guardar por toda vida em seu aprisco de amor. 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O SENHOR É MEU PASTOR


O salmo vinte três me veio da parte do Senhor como a Palavra profética d’Ele para mim este ano. Longe das pataquadas neopentecostais que inventam “anos proféticos”, o que é uma tremenda mentira, essa é uma palavra particular de Deus para mim e somente para mim.
Assim, eu quero abrir o ano de 2016 meditando na primeira frase deste salmo. O Senhor é meu pastor.
Um pastor diligente, que quando me perco d’Ele, não hesita em me procurar seja onde for e não deixa de me procurar até me achar e me trazer de volta em segurança.
Um pastor corajoso, que ao ver o lobo sanguinário tentar me arrebatar, me matar, me fazer sua presa, o enfrenta, afugenta e me protege.
Um pastor amigo, que me conhece pelo nome e a quem conheço a voz. Onde estiver, sempre reconheço Sua Voz, sei quem Ele é e Ele sabe bem quem eu sou, me conhece pelo nome e pela profundidade do meu ser. Ele é o pastor que vê.
Um pastor cuidadoso, Ele me alimenta. Não de religião, não de dogmas, não de doutrinas, não de moralismos, não de paganismos, não de tolices, não de barganhas. Me alimenta com pastagens verdejantes da verdade do Evangelho. Me alimenta de Amor, de Compaixão, de Bondade, de Misericórdia, de Longanimidade, de Benignidade, de Perdão, de Alegria e Paz.
Um pastor-pai, que me orienta, aconselha, que me acompanha na minha caminhada e quando erro, me ensina pela Sua Palavra. Ele não me castiga, não me bate, me corrige com brandura e mansidão, mesmo quando as circunstancias da vida são duras, o seu fardo ainda é leve.
Um pastor amoroso, não um Amor de palavras, nem de emocionalíssimos, nem de exigências, nem obrigações, mas, um Amor que nasceu antes mesmo de eu reconhece-lo como meu pastor, um Amor que se deu, um Amor que se concretizou numa Cruz, um Amor em que Ele ocupou meu lugar numa Cruz para me salvar. Deu sua vida em resgate da minha.
Um pastor misericordioso, capaz de sentir minha dor, de compreender minhas falhas, minhas faltas, minhas fraquezas e humanidade. E quantas vezes for preciso me restaurar, me libertar, me curar, derramar balsamo sobre as feridas da vida, me socorrer dos terrores da noite, do mar bravio e das ondas que me afogam.
Um pastor firme, pois quando chega a época de me tosquiar, Ele o faz para o meu bem, mesmo que eu chore e sinta frio, Ele sabe que é preciso e assim o faz, para que eu me renove sempre, sempre e sempre. Para que eu dê lã mais pura, mais alva, cada vez mais.
É o pastor que me levanta todos os dias, me acompanha na minha jornada, que cuida de mim enquanto durmo, que vigilante zela por mim a todo instante, nada sobre mim passa desapercebido ao meu pastor.
E assim porque Ele é meu pastor, segura estou!