Eu

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sábado, 28 de novembro de 2015

ÁGUAS AMARGAS DO RIO DOCE


(Silvino Netto, na crise moral do Brasil, 2015)
As lamas da barragem que se rompe,

Atingem o leito de minha alma
E me levam sem rumo rio abaixo...

Provo as águas amargas do Rio Doce,
E vou levado na enxurrada sem destino,
Submerso num mar de lamas, fétido, tóxico...
Vou impotente, sem forças,
Nas ondas lamacentas,
Tentando, enquanto vou,
Abraçar-me às pedras da esperança,
Agarrar-me aos galhos da justiça,
Em trancos e barrancos me apego aos troncos,
Às raízes dos princípios e valores,
Que encontro nos manguezais,
Para não deixar afogar a minha fé...
No agito das ondas de um rio feito amargo,
Encontro parceiros impotentes que se vão sem forças,
Animais que boiam e se afogam
Na correnteza sem fim,
De lama cor de sangue carmesim...
Bebo as águas de Mara,
No gosto de fel do Rio Doce de Mariana,
Esta lama de corruptos
Que tornam amargas as águas de minha Pátria!
Quero unir-me às vozes proféticas, corajosas,
Para combater este mar de lamas de corrupção,
Lançar nas águas amargas o tronco
Com as raízes dos princípios éticos, divinos,
Para recuperar o Rio Doce,
Uma nova nação, transparente, cristalina!
Minha Pátria Brasil!


Silvino Netto