Eu

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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

REQUIEM PARA OS MENINOS INVISIVÉIS - CANÇÃO DE NINAR TRISTE II


Choramos Aylan, choremos nossos meninos também.....
Aylan chorei por você
chorei pelo seu berço feito de mar
Aylan chorei uma triste
canção de ninar.
Mas, Aylan tua tragédia tecida
em mãos de homens
que roubaram teu riso
e tua infancia.
Também rouba a dos meninos
que dormem na rua
morrem na Candelária
morrem nas favelas
morrem "di menor"
na mão do traficante e do policial.
Aylan, todo mundo esta chocado
vendo seu corpinho na praia
mas, todo mundo passa apressado
nesse sábado
pelo menino molhado e noiado.
que dorme na calçada.
Então choro também
pelo menino que apanha em casa
pelo menino que nem mesmo tem uma casa
lugar descente pra dormir
nem mesmo roupa pra vestir.
Aylan, você estava tão bonito
calçado com seus sapatinhos
buscando esperança
em outras terras.
Os meninos que andam nessa terra
na Amada Mãe Gentil,
descalços e em andrajos
negros e sujos
não são bonitos e não há quem os chorem.
Não há Iemanjá que os leve para um mundo
de paz.
Nem um Deus que os abrace?
Aqui, nesse inferno vivo
Não são anjinhos
mas demonios
que homens santos e de bem querem mortos.
E os mesmos homens que te tiraram a infancia
a esperança
o futuro
o riso
tiram por aqui
desses meninos.
O mar que os afoga se chama pobreza
indiferença, desigualdade
violencia, desamor, desumanidade
um passado de horror
sob a chibata de um senhor.
Aylan, menino que Deus abraçou
Eu sei, assim como Ele te olhou
Ele olha para os meninos
dormindo nas ruas
afogados no descaso.
Candida Maria Ferreira da Silva.


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