Eu

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domingo, 4 de janeiro de 2015

O caminho não é lugar.

tr“E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Isaías 30:21
O Caminho que surpresa não leva a lugar nenhum e nem é lugar de chegar. O Caminho é uma pessoa. Uma pessoa ser o Caminho? Estranho não é? Mas, é assim.
Esse Caminho passa por uma Cruz, uma Cruz Maldita, Vicária, de pecados, onde um inocente foi pregado, Ele sem culpa levou minha culpa e ali a pagou.
Ele é estreito, nele a caminhada se faz sozinho, há companheiros de viagens, mas, cada um precisa andar no caminho sozinho.
O Caminho é desafiador, nos contradiz, nos leva a verdade sobre nós mesmos, uma verdade que não queremos ver.
Por isso, enquanto andamos pelo Caminho perdemos a nossa coroa que nos faz “gente de dignidade”, “gente importante”, “gente especial”, para descobrir que nós somos apenas mais um entre tantos, que somos necessitados como todos, que nós passamos como todos passam.
Enquanto caminhamos, por vezes o Caminho parece um deserto sem fim, e nele muitos enfeites da nossa vida vão caindo um por um: beleza, poder, dinheiro, prestigio, vaidade…eles vão ficando pelo caminho, uma história da nossa caminhada.
Por outra o caminho é uma montanha escarpada e lá se vão nossos sapatos, que nos garantiam segurança de caminhar, que nos distinguiam de outros pela qualidade e preço. Nossos caros sapatos não suportam essa caminhada na montanha, essa caminhada se faz descalço, de pés feridos, cicatrizando e só então se cria firmeza para dar as passadas no Caminho.
Tem vezes que o Caminho é um vale escuro e longo, e nossos olhos não são capazes de ver nada além, só se vai em frente porque estranhamente, eu já contei o caminho fez caminho dentro de nós e por estar fazendo caminho em nós temos certeza por onde ir e onde chagaremos.
E continuamos o caminho e o caminho continua em nós. A cada passo nosso ele penetra mais no ser. A coroa que caiu lá atrás deu lugar uma nova mente, uma consciência de si e do Outro, uma consciência de dependência, onde descobrimos a Graça.
Os enfeites com que enfeitávamos nossa vida para fazê-la atrativa que caíram pelo Caminho dão lugar a verdade de nós mesmos, nos encontramos conosco e assim despidos com o Caminho fazendo caminho em nós nos tornamos um poema, um poema de Graça, perdão, acolhimento, desprendimento, despojamento, de olhar para o Outro, de viver para e no Caminho. Um poema escrito em carne viva, na vida….
Nossos pés aprendem qual o terreno do Caminho, descalços, humildes, aprendemos que o Caminho se anda em temor, tremor, em Amor, sentindo o terreno a cada passo, conhecemos qual a nossa natureza, porque descalços nos tornamos parte do caminho e o caminho se faz parte de nós e nos unimos ao caminho e o caminho e nós já não são distintos.
E quando no vale escuro andamos, já sabemos porque o caminho se fez em nós, por onde ir, porque o vale pode ser escuro, mas, dentro de nós o caminho está iluminado como um dia perfeito.
O caminho não é para os fortes, aquele que se basta de si mesmo não entra no caminho, não suporta sua caminhada. O caminho não é para os sãos. É pra quem se sabe doente e dependente. O caminho não é para os que tem tudo, mas, para os que nada possuem. Até porque quem tem tudo perde tudo pelo caminho.
O caminho não é religião, ele não tem dogmas, nem normas, nem moralismos, não há barganhas no caminho, no caminho só há o caminho.
Eu disse logo no início que esse é um caminho que se caminha sozinho, mas, como o caminho não é lugar, mas, pessoa, então no caminho ando acompanhado pelo caminho, Ele é meu companheiro na caminhada, não estou só e se continuo no caminho é porque o Caminho continua comigo e me sustenta.
Esse caminho é uma escolha, ninguém entra desavisado, é um caminho que se começa ao entrar escolher se negar, se deixar…para só então entrar. Nesse caminho não há promessas de riquezas e prosperidades. Isso é coisa do caminho largo. Só sabemos que nesse caminho teremos Paz.
Esse é um caminho em que se abatem grandes tempestades e nem sempre é possível se abrigar, mas, necessário é continuar a caminhar, nessa hora, sempre nela, mais do que tudo é que sabemos e vemos que o caminho anda lado a lado conosco. E que ao fazer-se um em nós e nós nele descobrimos riquezas inesperadas e desconhecidas dentro de nós e mesmo com a tempestade seguimos a diante.
E no fim o caminho nos leva seguro à Casa do Pai, percorrido o caminho e ele tendo percorrido nosso ser, chegamos à Casa do Pai e descansamos, e descobrimos que nossa caminhada pelo caminho e do caminho em nós nos tornou a cada passo sem que percebêssemos semelhantes ao caminho.
E preciso começar a caminhar, porque o Caminho não é lugar, o Caminho é pessoa…Você vem?
Nele, Nosso Novo e Vivo Caminho
Cândida – Nov/14

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