Eu

Eu

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O ANTICRISTO VIVE ENTRE NÓS!



“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:24


Já faz algum tempo venho querendo escrever sobre o Anticristo, longe de fazer um tratado ou pesquisa teológica (que não me interessa), quis pensar essa figura a partir de fatos corriqueiros que começaram a chamar minha atenção há alguns anos.
Bem, você já percebeu que eu acredito (já que existe muita especulação) no anticristo como uma pessoa, um indivíduo, conforme ensina Paulo em II Tessalonicense 2.3, onde ele o identifica como “homem da perdição e da iniquidade”.
Antes de falar propriamente desta figura, queria chamar atenção para a palavra de João “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.” I João 2:18
A palavra Anticristo segundo Champlin em sua enciclopédia de Teologia e Filosofia, não tinha originariamente o sentido de ser ‘contra” Cristo, mas de “estar no lugar” de Cristo. Hoje, anticristo tornou-se sinônimo de ser contra, até porque João continua no tema e faz essa afirmativa: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho.” I João 2:22
Mas, negar não é apenas ser contra, mas, colocar-se no lugar de, essa é uma das maiores ambições do anticristo, ser o Cristo, tornar-se Deus, tornar-se objeto de adoração, aquela que é somente devida ao Senhor. Assim chamo atenção novamente para a palavra de João: “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.” I João 2:18. O destaque é nosso.
Sim, sempre aparece um maluco como Jim Jones, Inri Cristo, o tal de Jesus, homem que se intitulava ser o próprio anticristo, que não ia morrer e acabou morrendo de cirrose de tanto entornar. O Jim Jones, maluco total, acabou levando com ele milhares de pessoas na sua loucura e o Inri Cristo, maluco beleza brasileiro que é mais uma figura caricata e que devia de uma vez por todas entrar para a trupe do Panico na TV, já que ele ta sempre aparecendo por lá.
Mas, não são esses doidos pontuais que me chamam atenção, apesar de arrastarem outros doidos com eles. Mas, aqueles que vestindo-se de cordeiros, “homem de Deus, “seres iluminados” tem enganado há muitos, distorcendo o evangelho, paganizando o evangelho, mentindo abertamente sobre o evangelho, macumbando o evangelho, arrastando multidões ávidas por sinais, maravilhas, prosperidades, vida “sem problemas”, desviando o povo de Cristo para que se centrem neles “enganadores”, “falsificadores” da Palavra, mesmo usando o nome de Jesus, mas, negando o seu Poder, Sua Verdade e Sua Cruz.
Esses anticristos, que não são doidos, mas, muito conscientes do que estão fazendo, muito conscientes do enriquecimento pessoal que estão adquirindo, muito conscientes dos lugares de poder onde querem chegar, usando uma multidão cada dia mais ignorante da Palavra, religiosa, crentes em dogmas, doutrinas, em paganismos, em crendices, em superstições, em macumbaria gospel, em denominações e igrejas, crentes nesses homens em que o pastorado não é mais o bastante e novos títulos de engrandecimento lhe são dados para demonstração de uma “santidade performática”, tais como: apóstolos, bispos, bispo primaz, patriarca e outros títulos egocêntricos que mais demonstram a vaidade humana do que o serviço à Deus, numa disfarçada, mas, muito bem intencionada caminhada de ficar no “lugar de Cristo” na vida dos que os seguem.
Esses anticristos tem enganado muitos, muitos, trazendo transtornos terríveis a vida de pessoas incautas, hoje abandonando o evangelho, tornando-se ateus, outros traumatizados e feridos pelo resto da vida e alguns outros, alertados pela Palavra tem abandonado este atual evangelho dos evangélicos brasileiros para buscar no Evangelho um encontro genuíno com Cristo, longe dos anticristos que estão no nosso meio. Cabe aqui uma reflexão profunda sobre sua vida espiritual, ela está baseada no Evangelho de Cristo ou no evangelho dos anticristos da atualidade, sejam eles pastores, bispos, bispos primaz, apóstolos, patriarcas, com mais poder e maravilhas que façam, por mais que digam que estão numa cruzada política para salvar o Brasil do demônio incitando-o a odiar minorias. Pense nisso! Sempre me assusto com a capacidade odiosa dos “crentes” para com minorias, a sua capacidade de aplaudir a morte de um traficante, de querer novamente a ditadura, de sua total incapacidade de “ver” o pobre e as injustiças sofridas por ele, mas, estar absolutamente centrado em suas comodidades de classe média. Sempre me pergunto: de que Evangelho essas pessoas aprenderam a odiar tanto? E sempre me vem à pergunta, creem realmente essas pessoas no Evangelho? Ou no evangelho dos evangélicos brasileiros? E qual a diferença destes para os extremistas islâmicos? Porque não entram numa ONG de direitos LGBT e atiram neles com escopetas?
Mas, estou me alongando e meu tema não é esse, na verdade é o Anticristo. É comum quando se pensa no anticristo lembramos figuras nefastas, genocidas, como Nero, Hitler e outros na história. Lembramos sempre do seu lado cruel, que certamente se manifestará e fará de Nero, o Império Romano, Hitler, uns meninos brincalhões diante de sua capacidade de maldade e crueldade.
Lembro que Jesus disse que se “pudesse enganaria seus escolhidos”, tal sua capacidade de sinais e prodígios (olhando para o povo hoje você duvidaria?)
Contudo não é a capacidade de crueldade do anticristo que quero falar, é da sua capacidade de unificação, pacificação, de trazer prosperidade ao mundo, de preencher os anseios das nações plenamente e para isso ele precisa ser um homem como Gandhi, como o Dalai Lama, como o Papa João Paulo II, como Papa Francisco, como bispo Desmon Tutu, como Dalala, como Madre Tereza de Calcutá, como irmã Dulce. Pessoas que dedicaram-se a paz, ao pobre, ao acolhimento, a dar voz aos que não tem voz. E o mundo o aguarda ardentemente.
O primeiro vislumbre que tive disso foi na primeira eleição do presidente Lula, quando o povo gritava seu nome com bandeiras e a câmera o mostrava num plano mais alto e o povo aos seus pés, ele chorava copiosamente e naquele momento “A esperança havia vencido o medo”. Eu mesmo estava emocionada (não tenho intenção nenhuma de discutir o governo e nem o caráter do Lula neste escrito), mas, lembro que pensei: “Deus um dia será assim, um dia o povo cheio de esperança estará aos pés do homem da perdição e do mal encarnado”.
A segunda vez foi quando Barack Obama venceu sua primeira eleição. Imaginem num país racista, segregacionista, um presidente negro? Os meus olhos, os olhos do mundo todo se voltaram para aquele negro elegante e sua mulher não menos elegante, forte, inteligente e acreditaram “Sim nós podemos mudar”, mudar as relações internacionais, mudar a maneira como se vê o negro no mundo todo, mudar, sim podemos mudar nossa miséria, podemos mudar! O mundo queria mudança e novamente eu pensei com Deus: “Um dia ele chegará e proporá mudanças, transformações radicais na sociedade para que possamos viver prósperos e pacíficos. Um dia o mundo TODO olhará para ele com essa alegria e esperança no coração!”
A terceira e quarta vez desse vislumbre foi ha pouco tempo. Vendo Padre Fabio de Melo na entrevista com Maria Gabriela em De Frente com Gabi, ouvindo-o falar com sua voz mansa, melodiosa, aquele homem “descaracterizado de padre”, bonito, sarado, bem vestido, com uma “roupagem toda moderna”, mas, no fundo repetindo as milenares doutrinas e dogmas católicos, mas, de forma tão doce, conciliatória, quase como um acalanto, dando “literalmente! Colo, principalmente as mulheres num jogo sedutor limítrofe. Eu lá pensei com meus botões. “É um dia ele virá assim, lindo, inteligente, voz suave, mansa, sedutora, com belos olhos doces a dizer o que queremos ouvir e nós como ovelhas para o matadouro seguiremos sua voz”.
Bem, eu não sou doida iluminati, não acredito nem uma virgula dessas crendices de crente maluco, eles adoram essas pataquadas. Mas, meu último vislumbre foi ver Papa Francisco, nem por um minuto estou dizendo que ele É o anticristo, como os crentes doidos de plantão já andam surtando por aí, não, mas, observando-o vi novamente o vislumbre daquele que virá. Não é o homem mais conciliatório, defensor das minorias, dos pobres, simpático, doce, defensor da santidade da igreja (meteu a boca na cúria), acessível, humilde, tão humano que se xingar a mãe dele leva um soco na cara, tão antenado com as novas composições familiares, com o aleitamento materno, com as reinvindicações indentitárias(movimentos sociais que buscam afirmar a identidade homoafetiva e seus direitos de cidadania) dos grupos LGBT, apesar dos católicos aqui  no Brasil quase terem queimado vivo padre Fabio de Melo, na praça central de Taubaté, quando este se posicionou a favor da união estável para gays, o coitado ta traumatizado até hoje!!!, aquele baixinho, com aqueles olhinhos e sorriso encantador. Quem não se apaixona por ele e por suas fortes e decididas posições políticas?
Junto esses homens, mais as mulheres que citei e percebo que vejo como luzes que iluminam as sombras daquele que virá, assim como Moisés, José, foram luzes que iluminavam a sombra (naquele tempo então) daquele que viria a ser o Cristo.
E olho o povo tão ardorosamente ovacionando, amando, bebendo cada palavra, acreditando, ansiosamente acreditando que alguém se importa conosco, alguém fala por nós, alguém busca a paz (nossa paz entre Cuba e EUA?), alguém entende nossa humanidade, alguém fala o que precisamos ouvir, alguém consola nossos corações. No caso do nosso padre artista, alguém canta músicas que nos alimenta e alguém habita nossos desejos secretos, os instiga, nos envolve e nos tem sob seu domínio.
E assim será. Eu não sei quando, nem sei se o verei, talvez minha sobrinha Giullya o veja, mas, assim será. Surgira esse homem, bonito, elegante, sarado, de olhar doce, sorriso amistoso, inteligente, espiritualizado, defensor dos pobres, das minorias, importando-se com o planeta e sua sustentabilidade, encontrando saída para a maior e mais profunda crise econômica do mundo, trazendo prosperidade, equidade, igualdade, pacificando as nações, os estados, as cidades, os bairros, as ruas…fazendo tudo aquilo que ansiamos e depois que ele fizer tudo isso, quem poderá dizer que ele não é nosso deus?
Quem dirá isso? Quem dirá que ele não merece toda a honra, a gloria e o poder? Por muito menos João Paulo II virou santo, Francisco é amado e Fabio de Melo adorado. Os crentes estão de fora? Não...olhem sua adoração por Diante do Trono, Ana Paula Valadão, por Rene Terra Nova, Silas Malafaia, Feliciano, Waldemiro, R. R. Soares, Edir Macedo, a aberração das aberrações: o templo de Salomão em São Paulo, que os idiotados de ´plantão estão chamando de “sinal da vinda de Cristo”, o que eles disserem ou fizerem por mais antibiblico que seja se TORNA VERDADE BIBLICA PORQUE É SINAL DO PODER DE DEUS, mesmo que seja distorção vagabunda da Palavra. Eles são adorados. Eles estão no lugar de Cristo.
Agora diga-me o mundo aguarda ansiosamente este grande homem, como uma mulher carente aguarda um grande e arrebatador amor! Para se entregar a ele. Você tem dúvida que ele será bem sucedido no seu intento de enganar a TODOS e se tornar deus?
Cândida
Jan/2015



sábado, 24 de janeiro de 2015

http://noticias.r7.com/internacional/fotos/fotografa-captura-a-pobreza-dos-que-vivem-com-us-1-por-dia-24012015#!/foto/1

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Tecnologia e Espiritualidade


Denise de Assis 
Freud, em o Mal Estar na Civilização (1929-30), ao comentar sobre os avanços científicos e tecnológicos apontou que tais realizações se assemelhavam à concretização dos desejos dos contos de fadas. Segundo o autor, há muito tempo atrás, o homem havia formado uma concepção ideal de onipotência e onisciência criando seus deuses e atribuindo a estes tudo que parecia ser inatingível aos seus desejos ou ao considerado proibido. Assim, as conquistas tecnológicas do homem permitiram que ele se aproximasse bastante deste ideal, tornando-se praticamente um deus, uma espécie de “Deus de prótese”.
O autor continuou seu raciocínio argumentando que no futuro, outras descobertas indicariam mais semelhança do homem com Deus, mas naquele momento, o homem não se sentia feliz em seu papel de semelhante a Deus. Este desconforto estaria diretamente relacionado às exigências impostas ao processo de civilização, pois mesmo com todos os avanços, a tendência do homem estaria em defender seus interesses individuais em oposição à vontade do grupo.
Neste sentido, até pouco tempo atrás, a sociedade era regida por padrões que ‘definiam’ o que era ser bem sucedido na vida profissional, pessoal e familiar. As regras sociais eram mais rígidas no sentido de indicar, por exemplo, culturas que não poderiam se misturar, uniões que deveriam permanecer entre determinadas famílias, dogmas que não poderiam ser contestados e na vida profissional, carreiras que eram seguidas devido à tradição familiar ou que carregavam o status para ser um profissional bem sucedido. Com a ruptura de todo este padrão rígido, a humanidade parece ter ido para o lado oposto: pois o que era reprimido por conta das exigências da civilização foi substituído pela satisfação das próprias exigências.
Assim, a questão de não se permitir viver a falta, a exigência de estar em primeiro lugar e ser bem sucedido e a importância do ter em lugar do ser, por exemplo, externam os padrões humanos que estavam velados pelas exigências da civilização e que se tornaram evidentes. Pois mesmo diante da diversidade de possibilidades que encontramos em todos os sentidos na atualidade, de um modo geral, a convivência com outros seres humanos continua, com base na obra de Freud, a ser um dos impedimentos ao alcance da felicidade plena. Ilustrando a posição do homem entre o passado e a atualidade com uma metáfora, seria o mesmo que entregar um computador de última geração nas mãos de uma pessoa que jamais teve acesso a qualquer um deles.
Comparando a época de Freud com o momento atual, a questão ainda se encontra em querer enquadrar o ser humano e todas as suas possibilidades em padrões de comportamento e atitudes na tentativa de manter um controle que só faz aumentar a competitividade e agressividade, impedindo a reflexão e avaliação de que não se pode comparar o que é diferente. Esta competitividade sem medida resulta no fato de que o diferente deve ser destituído ou excluído e não respeitado.
Neste sentido, as novas tecnologias podem demonstrar como lidar com a diversidade diante das potencialidades de cada um. São vários produtos, das mais variadas espécies que têm por objetivo facilitar o dia a dia. Poucos sabem ou se dão conta de que em uma empresa de desenvolvimento de tecnologias, por exemplo, existem os profissionais que projetam os modelos, outros responsáveis pela criação de novas modalidades de uso e outros com a capacidade de perceber os defeitos e definir o que precisa ser aprimorado. Todos trabalhando em conjunto, procurando evitar ao máximo que o consumidor receba o produto com defeito, além de garantir a eficiência do produto na hora da utilização: seja na arte, na economia, na comunicação, na educação, na saúde, entre outros. Cada profissional com sua característica, com seu perfil, com seu conhecimento.
Por outro lado, o que se faz com a utilização das facilidades tecnológicas relaciona-se a escolhas: a mesma tecnologia que possibilita a união e comunicação entre pessoas queridas que estejam a quilômetros de distância, pode separar aqueles que moram na mesma casa.
O que vai definir a qualidade da relação é a descoberta de que apesar de todas as facilidades tecnológicas é necessário considerar o universo de possibilidades que o homem precisa descobrir a respeito de si mesmo. Em vez de rotular sem fundamento, começar a considerar que é necessário pensar, respeitar e verificar que existem pessoas diferentes, grupos diferentes, maneiras diferentes de pensar... afinal de contas, estamos em constante “construção” e precisamos aprimorar nossas características, crescendo e aprendendo que acima de tudo é necessário conviver.
Neste momento em que a ciência começa a considerar que a busca pela espiritualidade saudável (no sentido do respeito à vida, respeito às diferenças, no resgate das relações e na consideração de valores que estão além da matéria) contribui para o bem estar físico e mental, faz-se necessário um momento de reflexão: o homem vai continuar um “Deus de Prótese” eternamente insatisfeito se não descobrir que a verdadeira essência da criação não está em romper limites da vida material competindo por aquilo que não faz parte de sua potencialidade ou buscando satisfazer as próprias exigências. Assim, é necessário dar-se conta de que precisa conviver, descobrindo que a melhora na qualidade de vida é a consequência da descoberta de suas próprias habilidades e do que é capaz de criar e recriar.

  Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade – Universidade Veiga de Almeida (RJ), psicóloga, analista de sistemas, membro da Sociedade de Teologia, Espiritualidade e Saúde da Universidade de Duke (EUA) .
Extraido de http://cienciaespiritualidade.com/wp-content/uploads/2015/01/Tecnologia-e-Espiritualidade.pdf em 19/01/2015 ás 21:45

domingo, 11 de janeiro de 2015

Serenidade!

A gente precisa aprender a não se deixar manipular pela mídia, a não ser maniqueísta, a refletir com serenidade sobre os fatos, matar os jornalistas da CH é uma ato de barbárie, mas, ele não surgiu do nada, há elementos históricos e sociais pra se analisar, a França trata os muçulmanos, igual se trata preto e pobre no Brasil, como lixo, sem falar que as associações islâmicas entraram na justiça contra CH e perderam, isso vai fazendo um acumulado de situações que por vezes se desdobram em atos tresloucados. Há de se respeitar tbm as liberdades individuais e religiosas, por mais etnocentrista que seja. É como o desrepeito as religiões da matriz africana, aqui se legislou a favor e houve uma "linha" de respeito a não ser cruzada. Isso é civilizatório!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Por Paz, Respeito aos Direitos Humanos entre Ocidente e Oriente

Não há como justificar o ato terrorista na França ou em qualquer lugar. Mas, lembrando a fala da presidente Dilma na ONU em claro desafio aos EUA sobre as relações com o Oriente Médio, desde as Cruzadas as relações Ocidente/Oriente são de guerra e franco desrespeito. Os EUA fomentaram esse terror que vemos agora: Bin Laden foi cria deles contra a ex União Sovietica, Saddam Hussein, Muammar al-Gaddafi, o atual presidente da Síria, a situação insustentável da Palestina, foram eles que armaram e usaram esses homens para seus interesses comerciais e armamentícios, seivando vidas de minorias que interessavam a estes homens seifar, até que se voltaram contra eles e todo Ocidente. Corajosamente Dilma fez um discurso em que enfatizou que a ação armada não resolve os conflitos com o Oriente Médio, mas, apenas alimenta os grupos extremistas (naquele momento não estava falando especificamente do Estado Islâmico, aqueles doidos assassinos), enquanto não houver mudanças nas relações Ocidente/Oriente, compreendendo diferenças, respeitando diferenças, e tenho uma pauta comum de promoção dos direitos humanos, justiça social e paz, novos atentados virão e virão.....



quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Esperança

Num dia em que a intolerância seivou varias vidas, meu boa noite com as estrelas de Gilberto Gil. Esperança apesar de tudo!

07/01/2015 15h59 - Atualizado em 07/01/2015 16h02 Mulher mantida em cárcere por 20 anos passa Ano Novo com a família

A dona de casa Cira da Silva, de 45 anos, mantida em cárcere privado por cerca de 20 anos em Campo Grande, voltou a viver ao lado dos pais. Ela contou que passou o Ano Novo em família. “Com o meu pai, com a minha mãe, com meus filhos. Eu vi os fogos que eu nunca tinha visto”, contou.
Cira aguarda a casa onde vai morar com os filhos ficar pronta. A obra da moradia, que já pintada de azul, já está no fim. O local foi erguido pelo pai de Cira, Adão Silva. Falta apenas colocar os azulejos, montar o banheiro e terminar o acabamento. “Não fui eu não, foi Deus. A minha força não é minha, é de Deus”, afirma o pedreiro.
Enquanto a casa não fica pronta, Cira mora com os pais. Ela cuida do almoço, da janta e da limpeza da casa. Também cuida da mãe, que se recupera de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Dona Cira diz o que quer para 2015: “Quero saúde, quero paz, quero harmonia, quero tudo”.
Ô de Casa: veja como está vida da Dona Cira (Foto: Reprodução/TV Morena)Dona Cira com o filho mais novo
(Foto: Reprodução/TV Morena)
Caso
Cira foi mantida em cárcere privado pelo marido, de 58 anos, na residência em que eles moravam no bairro Aero Rancho, região sul de Campo Grande. O caso foi descoberto no dia 18 de dezembro de 2013. O suspeito foi preso e a dona de casa foi libertada.
Após denúncia de vizinhos, policiais militares foram à residência e encontraram a mulher e os quatro filhos. Segundo a polícia, Cira era agredida fisicamente e apresentava hematomas, além de dentes quebrados por conta da violência.
As condições da residência também chamaram atenção da polícia. Os muros da casa tinham mais de dois metros de altura e o portão não possibilita visão para a rua. O imóvel não possuía banheiro adequado, nem chuveiro ou vaso sanitário.
As crianças, de 9 e 13 anos, frequentavam apenas a escola. O menino de 5 anos só ficava em casa por conta de não ter idade escolar e um adolescente, de 15, não estudava porque o pai não permitia.
O caso é julgado pela 2ª Vara da Violência Doméstica e Familiar da Mulher de Campo Grande.
História
Cira é de Minas Gerais e veio para o estado com a família. Trabalhou como doméstica e, aos 22 anos, foi morar com o suspeito na capital sul-mato-grossense. De acordo com a dona de casa, o companheiro passou a ficar violento após o nascimento do primeiro filho do casal. Desde então, na versão da mulher, o adolescente e os irmãos testemunharam o pai agredir a mãe e também foram vítimas dele.
O suspeito trabalha como servente de pedreiro, passava o dia fora da residência e, apesar de ficar com as chaves do imóvel, ela não fugia do local e nem denunciava a situação por conta das ameaças que recebia e também por causa dos filhos.
extraido de G1 http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/01/mulher-mantida-em-carcere-por-20-anos-passa-ano-novo-com-familia.html dia 07/01/2012 as 1948.
tópicos:

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A FESTA DO SANTO REIS TIM MAIA





Soulman Tim Maia - Musica boa passa por aqui também.....6 de Janeiro no Folclore Brasileiro Dia de Reis!

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Provérbios 4. 23



Sempre escrevo no último dia do ano ou então no começo do ano, não escrevi nada até agora. Mas, esse versículo me veio através do twitter e me fez começar a pensar. A gente começa um ano novo e se enche de planos novos, ou renova as metas não alcançadas. Sempre assim.
Um novo emprego, em novo amor, a casa própria, o emprego tão esperado, um filho...e planos e planos são feitos, mas, na maioria das vezes continuamos os mesmos. Enfrentamos os desafios que atravessam nossos caminhos da mesma forma que fizemos no ano que se findou e tentamos alcançar os objetivos com os mesmos metodos de antes. Ou seja, o ano muda, mas, continuamos os mesmos,
Provérbios chama atenção para o nosso coração e Jesus repete isso “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem”. Marcos 7. 21-24.
Então o que devemos buscar renovar? Há uma frase batida na internet que devemos mudar nós mesmos e não o ano…é um clichê, mas, não deixa de ser verdade.
Nada será novo se em nós mesmos não o fizermos novo. Nada será melhor, se nosso coração de onde procedem as saídas da vida não for renovado.
Mas, como? Através do nosso olhar, porque a maneira que olhamos o mundo enche nosso coração ou de Luz ou de Trevas, e nossa boca denuncia pelo nosso falar aquilo que transborda do nosso interior.
Por isso é necessário calar todas as vozes e ouvirmos a nossa. Quando nos ouvimos sabemos o que fala nosso coração e em contrapartida entendemos como olhamos o mundo ao nosso redor.
O Evangelho transforma o olhar de trevas para Luz, de mágoa e rancor para o perdão, da tristeza para alegria, da descrença para fé, do medo para coragem, da desconfiança para confiança, da meninice para maturidade, da ansiedade para a serenidade, da autoconfiança para a dependência, da ilusão da persona para a verdade de nós mesmos.
Essa transformação se faz quando enfrentamos o estreito caminho proposto por Jesus, nos crucificamos na cruz e deixamos o Caminho fazer caminho no interior do nosso coração, nos deixamos esvaziar de nosso Império das Trevas, para dar lugar ao Reino do Seu Amor.
Não é fácil, olhar com o olhar de Jesus, sentir como coração de Jesus e por fim falar como Jesus falava, mas, é perfeitamente possível, se nos quebrantarmos e entregando nosso coração “de onde procedem todas as saídas da vida”, em consagração terna aos pés da Cruz. E assim nos tornarmos mais humanos, no sentido mais completo da nossa humanidade: compreender nossa debilidade completa e a nossa necessidade premente de que Cristo habite em nós através do Seu Reino de Amor.
Que 2015 seja assim. E será. Andaremos por muitos caminhos: vales, montanhas, pedregosos, abismais, desérticos, desoladamente geláticos, maravilhosamente floridos, absurdamente esplendorosos. Todos esses caminhos num único caminho que enquanto andamos n’Ele, vai se fazendo caminho em nós para que cheguemos ao ponto do nosso coração de onde procedem as saídas da vida, jorrar Graça Abundante por onde quer que vá.
Nele
Que habita nossos corações

Candida/15

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

MULHER MAIS SEGURA

Você sabia que é possível saber tudo sobre o que fazer e para onde ir em caso de violência contra as#mulheres a partir de qualquer dispositivo móvel, incluindo celulares e tablets?

Conheça e faça o download do aplicativo voltado à população em geral, em especial às mulheres e às pessoas que trabalham na Rede de Atendimento à Mulher: http://bit.ly/clique180

(via ONU Mulheres Brasil)


É proibido pensar - Chega de Regras!




Há algum tempo venho querendo compartilhar a revolução que o livro, Chega de Regras, de Larry Crabb, produziu em minha vida. Após esse livro já tive a oportunidade de ler Conexão e Conversas da Alma. Foi uma resposta a um momento de profundo questionamento espiritual que tive em minha vida. Quando li que “sua fé esta morrendo? Realmente ela deve morrer, nesse deus tão medíocre que esta ai só para satisfazer suas necessidades. Para que Deus em sua plenitude possa nascer, um Deus que não vai lhe dar nada, a não ser Ele mesmo.” Entendi, que Deus estava falando comigo e tirando escamas de meus olhos. Bem, então veio a musica de João Alexandre, È proibido pensar, um direto no queixo. É impossível não haver comparações com determinado grupo ou pessoas, algumas são explicitas. Os vídeos noYoutube não deixam duvidas. Mas, não quero pensar em pessoas, mas, em conceitos. Tanto Larry Crabb, como João Alexandre nos trazem conceitos muito fortes, tanto quanto o de nossa amiga que matou Gezuz. Na verdade, todos estão falando de fé, maturidade espiritual, vivencia profunda com Deus. Em Conversas da Alma, Larry Crabb me diz: religião é invenção do diabo! E me mostra como meus dogmas, tradicionalismo, o meu linerialismo me faz uma religiosa e não alguém espiritual. Um indivíduo que ouve e deixa o Espírito agir livremente. Afinal, 2+ 2=4 e se eu fizer tudo direitinho conforme mandam, Deus tem obrigação de me abençoar, porque afinal eu cumpri a parte do trato e agora Ele tem que cumprir a dele, é a reedição da Lei. Pra meu espanto Deu só me dá garantia de vida eterna e de Sua Presença na minha peregrinação terrena, daí que pra acabar com minhas presunções Deus me manda para um deserto se eu sou (e sou) uma construtora de cidades (meus títulos e todos os meus “meus” conquistados), só pra aprender que “os meus” não valem nada, ou manda uma chuva de granizo na minha parede caiada(que construí para me proteger das intempéries da vida, por causa do meu medo), só pra me fazer sair da caverna como Elias e ter coragem de enfrentar a vida como ela é. Deus também me deixa sem nenhuma direção (porque eu sou uma acendedora de fogo e SEMPRE TENHO RAZAO E CERTEZA DE TUDO), só para que eu descubra que dependo de Deus a cada passo. E por fim esfrega na minha cara egoísta o quanto meus prazeres cavados em cisternas rotas machucam meu próximo!
Daí vem João Alexandre me dizer um fato muito sério:

“RECONSTRUINDO O QUE JESUS DERRUBOU..
RECOSTURANDO O VÉU QUE A CRUZ JA RASGOU..
RESSUSCITANDO A LEI,
PISANDO NA GRAÇA,
NEGOCIANDO COM DEUS!”

Atente bem para estes versos, ele fala do cerne da nossa fé, o sentido da Reforma, a doutrina paulina. Do porque somos cristãos e não budistas, nem romanistas, nem candomblecistas, espiritualistas kardecistas ou esotéricos. Porque cremos em Jesus nosso único e suficiente Salvador, que pagou o preço da minha condenação, me abrindo Novo e Vivo Caminho a Deus através do Seu Sangue e que posso achegar-me a Deus sem nenhum “rudimento do mundo” apenas me achegar através da Obra Salvadora da Cruz, que é única, sem necessidade de aditivos, feita pela imensa Graça de Deus, que cumpriu TODA LEI em Cristo e vivo eu por essa Maravilhosa Graça, sabendo que tudo o que recebo do Pai como filho e muito mais como servo é pela Sua Graça e bondade e que nenhum esforço meu vai alterar isso, porque Deus não é manipulável. Vivemos a era pos moderna, um novo renascentismo, no mundo o modelo neoliberal se consolida como política econômica e ideologia. É a satisfação agora ou seu dinheiro de volta. O Deus da religião é conveniente e cooperativo. Conveniente porque cabe em todos os gostos, ora se X adora Deus se arrastando de quatro num palco se dizendo “incorporado” do Leão de Judá, ninguém pode julgar...Deus é quem julga...outro diz que o suor cura, ninguém pode julgar ou pior uns são presos, o crime a mostra, mas ninguém pode falar...é proibido pensar? Outro aparece na TV para ofender grupos minoritários e distorcer suas reivindicações e ainda insinuar que Policia Federal esta fazendo uma “operação” para destruir a Igreja...uai, ta com medo de que? E mais outro aparece na internet expondo os podres pessoais dos desafetos. Já não foi perdoado e restaurado pelo Senhor, porque não vai falar dos benefícios que Deus lhe fez? Cooperativo porque faz milagre de atacado, é maior investidor de microempresário do que o BNDS, não deixa o nenê sofrer, nem com gripe, ta aí pra cooperar comigo para que eu tenha minha vitória, uma vida boa e mansa...Quem é esse Deus? O que sei que esse Deus conveniente e cooperativo esta enriquecendo um grupelho, desiludindo e deixando incrédulos uma multidão e pior ainda arrastando uma outra completamente desarvorada “ovelhas sem pastor” cheias de crendices, vivendo dos rudimentos do mundo, deixando a Graça para se sobrecarregarem da Lei. Uns não suportam e vão lotar os atendimentos psiquiátricos, hoje os crentes são a maioria. Alguém pode me explicar o porquê disso? Às vezes é desalentador, mas, ao ouvir João Alexandre, Russel Shedd, ler Larry Crabb, e mais os amigos que escrevem nesse espaço, vi que o Espírito esta movendo os ossos secos, e eles estão se juntando, é grande o barulho, e estão sendo cobertos de nervos e músculos e por fim serão cheios do Espírito, porque o avivamento esta soprando e Deus trará o seu povo às águas do Seu Trono!
“OH! se fendesses os céus, e descesses, e os montes se escoassem de diante da tua face, Como o fogo abrasador de fundição, fogo que faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, e assim as nações tremessem da tua presença! Quando fazias coisas terríveis, que nunca esperávamos, descias, e os montes se escoavam diante da tua face.”
Isaias 64.1-3


Senhor trás avivamento para nós, que nos faça abominar o pecado, abominar tudo que em nós tira o teu trono do nosso coração, nos faz amar a tua Palavra e viver somente dela e não de crendices, fabulas de velhas, dos rudimentos do mundo, de loucuras da mente, de show bussiness. Desce Deus na terra do nosso coração e nos incendeia por amor a ti e a verdade de tua Palavra. Em nome de Jesus, nosso Senhor, eu oro! Amém!
Em Cristo
Aquele que nos faz conscientes da Verdade
Candida Maria 2010

SURUWAHÁ VIVENDO A VIDA NA EXPECTATIVA DA MORTE






O povo Suruwahá é constituído de onze etnias que sofreram com a dizimação por ocupação de terras para extravio da borracha e sorva. Alguns foram assassinados nas invasões, outros morreram devido ao contato com o “homem branco” que lhe trouxeram diversas doenças. Hoje os Suruwahá habitam a região do Rio Purus – AM, numa área de 239. 070 hectares homologada pela FUNAI em 1991, não contando com mais de 200 pessoas. Os primeiros contatos com os Suruwahá ocorreram nos anos 70 através de entidades religiosas e posteriormente a FUNAI.
Logo uma faceta da nova nação indígena descoberta chamou atenção daqueles que entraram em contato com eles, que era o alto índice de suicídios entre os membros da tribo. Apesar de suicídio entre índios não ser uma novidade, ocorrendo entre os Paresi, Tikuna e Yanomami. O caso mais alarmante chamou a atenção da mídia em 1995 quando houve um crescimento acentuado do suicídio entre os Guaranis, no Mato Grosso do Sul, chegando a 55 pessoas que deram fim a vida.
Contudo, entre os Suruwahá o suicídio ou “morte ritual” como prefere chamar o professor Dal Poz em seu Crônica de uma morte anunciada: Do Suicídio entre os Suruwahá, tem contornos bem diferentes, sendo uma característica marcante na dinâmica social do povo.
Os Suruwahá vivem todos numa única oca grande, espalhados aleatoriamente por famílias, consangüíneos e afins. No centro da oca fica “o dono da casa”, aquele que a construiu com ajuda de outros homens da tribo. É o dono da casa que faz todos os reparos nela.
Construir uma oca, que leva até dois anos, é umas das tarefas que demonstra maturidade masculina. Entre os Suruwahá não há uma chefia, ou pajé, mas, a sociedade é estratificada, sendo os “caçadores” os mais prestigiados entre eles. Aquele que consegue caçar o maior numero de antas para alimentar a família e a tribo goza de prestigio e privilégios.
Há uma forte diferenciação entre os sexos. Ter um filho homem é bastante celebrado, e o maior temor das mulheres Suruwahá é ser enfeitiçada e não poder ter filhos homens. A preferência quanto aos homens na tribo leva a outro fato também muito estudado que é o infanticídio, principalmente das meninas.
O rito de passagem dos meninos para a vida adulta que recebem o suspensório peniano é celebrada com festas, caças, pescarias, depois são surrados pelos homens mais velhos da tribo (agüentar a dor) e vão dormir em suas redes na oca. Enquanto seus familiares lutam noite adentro. Pela manhã os rapazes são levados pelas mulheres para tomar banho no rio, tem seus cabelos cortados e são pintados com urucum.
Entretanto o ritual de passagem das meninas é muito diferente, ao menstruarem pela primeira vez, são isoladas na oca, vendadas, quase não comem e saem apenas à noite para fazer suas necessidades fisiológicas. A partir da primeira menstruação passam a ser vigiadas de perto pelos pais e familiares, não podem andar só, para evitar “abuso sexual” de um não parente. Há uma intensa pressão e vigilância quanto a sexualidade das meninas.
Entre os Suruwahá a beleza, o vigor físico, jovialidade são muito valorizados, daí a maioria dos suicídios ocorrerem entre jovens de ambos os sexos. A decadência física da velhice é intolerada.
Por isso costumam dizer “bom é morrer jovem”. O ato de suicídio é natural e desejável entre os Suruwahá. As crianças brincam desde pequenas com o fato, imitando o ritual de suicídio.
A velhice é vista como uma decadência insuportável, principalmente se o velho se tornar dependente. Apesar de serem respeitados costumam ser ignorados pelos jovens e chamados de “aqueles que tomaram o caminho mais penoso”, ou seja, de morrer de forma natural.
Para compreender como um Suruwahá vive sua expectativa da morte é necessário conhecer sua cosmologia e seu pensamento sobre o transcendente.
Professor Dal Poz cita Günter Kroemer (1994: 150-1) para contar a expectativa dos Suruwahá quanto à morte. “Os Suruwahá concebem três caminhos distintos que atravessam o firmamento: o mazaro agi (caminho da morte), o perscurso do sol, por onde seguem os que morrem de velhice; o konaha agi (caminho do timbó), a trajetória da lua, por onde vão os suicidas; e o koiri agiri (caminho da cobra), o rastro do arco Iris, a rota dos que morrem de picada de cobra. Com isso, o destino escatológico encontra-se polarizado entre a casa do ancestral Bai, o Trovão, no patamar celeste superior, para os que ingerem veneno, onde as "almas" (asoma) reencontram seus parentes e vivem como os autênticos Konahamady (o "povo do timbó"), e a morada do ancestral Tiwijo, a leste, para onde seguem as almas dos que morrem de velhice. Os que foram picados por cobra, estes permanecem num espaço intermediário, o próprio arco-íris. A opção pela morada de Tiwijo, concebida como um caminho "penoso, onde os corações, sem achar sossego e paz, vagueiam" (ibid.: 78), possibilita, paradoxalmente, sua transformação em seres eternamente jovens. A fonte dessa juventude, dizem eles, é uma "comida doce" que as almas recebem ao chegar — a velhice apodrece no túmulo, junto com a pele do cadáver. Lá a vida é boa, as plantas agrícolas crescem sem esforço e a caça e a pesca são abundantes (Fank & Porta, 1996 a: 3; 1996 b: 126-9). Mas, de acordo com Kroemer (ibid.: 78), seria na direção de Bai que os Suruwahá projetariam sua "verdadeira existência à qual ritos, cantos e rezas estão relacionados" — um mundo tomado pelas águas, segundo eles, onde as almas comem apenas raízes de timbó e se transformam em peixes, seu destino final.
A pratica de suicídio entre os Suruwahá é segundo Dal Poz um empréstimo dos índios Catuquina, que ressignificada entre os Suruwahá passou a fazer parte da identidade do povo.
Kroemer pensa que a morte voluntaria entre os Suruwahá tem haver com sua origem advinda do extermínio de seus antepassados com o avanço da frente extrativista, visto que o mundo ideal e feliz não é aqui, mas, no além.
O suicídio pode ser desencadeado por aborrecimentos, brigas ou luto. É costume dizer “Suruwahá esta com saudade” e cometer suicídio para reencontrar seus amigos ou parentes.
Há um ritual para que o fato aconteça conforme descreve Sousa e Santos.
1. Um determinado acontecimento provoca irritação ou contrariedade;
2. O individuo destrói seus pertences (corta e queima a rede, quebra suas armas e ferramentas, estilhaça os utencilios de cerâmica);
3. Os circunstantes, parentes ou não, deixam-no extravassar sua agressividade; procuram disfaçar sua apreensão e, com estudada naturalidade, continuam suas atividades corriqueiras ou começam imediatamente alguma; eles evitam olhar diretamente para o raivoso, mas, acompanham furtivamente seus movimentos;
4. Se após o acesso de raiva, o desgosto ainda não abandonou, o individuo emitirá um grityo ou logo saira ostensivamente da casa, correndo em direção a alguma roça para arrançar raízes de timbó;
5. Os que acompanhavam discretamente o que se passava avisam os demais (parentes, talvez) e algumas pessoas (geralmente do mesmo sexo) perseguem o suicida, ou se ele já está distante, procuram-no nos caminhos que vão dar às roças;
6. Se os perseguidores o encontram, tentam tirar-lhe as raízes; caso contrario, o suicida se dirige a um córrego e ali espreme e mastiga o timbó, de modo a ingerir seu sumo, em seguida bebe um pouco de água para ativar seus efeitos tóxicos;
7. Daí, volta correndo ruma à casa (alguns não conseguem chegar e morrem no caminho)
8. Ali chegando o suicida é atendido por seus parentes ou outros, o que varia segundo o motivo e as relações que suscitaram a tentativa; a operação de salvamento consiste em provocar vomito, esquentar o corpo com panos aquecidos (tarefa realizada pelas mulheres), bater nos membros dormentes e gritar ao ouvido para desperta-lo, mantendo-o sempre sentado;
9. Durante o salvamento se mostram zangados e lhe falam de forma agressiva e xingam-no;
10. Morrendo o suicida há uma grande comoção no grupo, com muitos choros e lamentos, desencadeando logo em seguida, algumas horas ou dias novas tentativas de suicídio, que dão inicio a nova perseguição e tentativa de salvamento.

Dependendo da importância do individuo a mobilização de salvamento será maior ou não, quando se trata de pessoa velha não se costuma fazer salvamento dizendo “está velho, deixa morrer”.
Nesses lamentos costumam dizer que “Suruwahá vai morrer, Suruwahá vai deixar de existir porque gosta do veneno”.
Hoje com saídas para tratamento nas cidades já fazem reflexões que o “povo da cidade tem velhos e mais gente que Suruwahá e são felizes”.



Conclusão

Entendemos essa sociedade em anomia, visto que coloca em risco sua própria existência, é importante ressaltar a forma como foi construída sobre a tragédia do genocídio, fazendo com que reinterpretasse a vida e o significado dela completamente, lançando para o além suas expectativas de felicidade, paz e abundancia, não enfrentando as questões cotidianas.
Os suicídios geralmente ocorrem por luto, desentendimentos entre casal, desentendimentos familiares e até mesmo por desentendimento entre as crianças, pode levar pais ou tios ao suicídio. Morrem mais homens, principalmente devido ao luto, quanto às mulheres a causa principal de morte são as questões ligadas as dificuldades do matrimonio.
Apesar de viverem de forma coletiva há uma certa individuação, por exemplo o nome é dado por características pessoas, historia de seus ancestrais, não havendo repetição de nomes entre eles. Há também a distinção na caça e nos afazeres masculinos e uma clara distinção de gênero.
Outro fato interessante a ser refletido é a juventude, a força, e a beleza como fonte de todas as glorias, tanto que a velhice é uma decadência intolerável.
Olhando desta forma o suicídio dos Suruwahá é uma celebração a estes valores, a eterna juventude, ao eterno vigor, alegria e abundancia, conquistados de uma vez para sempre através do Caminho da Lua, onde junto com Bai, o Trovão, vivem no patamar superior como autênticos Konahamady – Povo do Timbó.

Candida Maria


 Dal Poz, João. Crônica de uma morte anunciada: do suicídio entre os Soruwahá. Rev. Antropologia. v.43 n.1 São Paulo 2000.

SANTOS, Marcio Martins dos. SOUSA, Kariny Teixeira de. Morte ritual: reflexões sobre o “suicídio” Suruwahá. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p 10-24, Jan/Jun 2009

DEFICIENTE, O QUE É UM DEFICIENTE?






Faz um mês que participo do Projeto Rompendo Barreiras na UERJ que tem como objetivo a inclusão de pessoas portadoras de deficiência visual ou baixa visão, tem sido estimulante trabalhar com a equipe liderada pela prof. Valéria Oliveira, e o trabalho tem me levantando questões para reflexão muito importante.
A problemática da deficiência não me é de todo estranha, meu marido é portador de deficiência física decorrente de um acidente com arma de fogo, tenho acompanhado o processo de inclusão social do meu esposo, principalmente a laboral de perto, e sempre fazemos algumas observações e criticas a esta tal “inclusão”.
Primeiro porque a cidade e os meios de transportes não estão preparados para dar acessibilidade ao portador de deficiência, o que nos remete ao um fato simples: ele não tem meios adequados para chegar ao seu local de trabalho.
Segundo poucos são os portadores de deficiência qualificados profissionalmente para serem absorvidos no Mercado de Trabalho, e pergunta-se onde esta o hiato entre os programas de qualificação e os seus destinatários: divulgação, localidade, locomoção, renda, ensino?
Terceiro, a carga horária é diferenciada e o salário menor, ora se quero incluir alguém devo fazê-lo plenamente, com todos os direitos e deveres, e fica pergunta por que a carga horária e o salário do portador de deficiência são menores do que os dos seus colegas de trabalho?
Contudo, meu pensamento não são apenas essas questões, mas, a própria representação da pessoa deficiente, que podemos analisar pela própria essência da palavra, assim define o Aurélio: deficiência s. f.Imperfeição, falta, lacuna.
A palavra remete ao estado de imperfeição, a alguém que possui uma lacuna ou tem falta de alguma coisa, a palavra é plena em significado negativo, daquilo que é mal, ou que carrega em si uma carga imperfeita e dessa forma imprestável para a sociedade.
Em tempos primitivos uma deficiência acarretava certamente à morte devido a necessidade de sobrevivência, o nomadismo, a garantia de perpetuação da espécie, em tempos que a força física se fazia necessária para a manutenção do grupo, mas, podemos dizer isso hipoteticamente, não há garantias se os grupos cuidavam de entes deficientes como os doentes e idosos.
Nas civilizações antigas, o Egito foi a que deu lugar e destaque aos deficientes, há a foto de um anão tocando um instrumento e uma escrita onde podemos ver um cego em seu cotidiano. A medicina egípcia também se importava quanto à cura ou terapia de pessoas com deficiência.
Evidências arqueológicas nos fazem concluir que no Egito Antigo, há mais de cinco mil anos, a pessoa com deficiência integrava-se nas diferentes e hierarquizadas classes sociais (faraó, nobres, altos funcionários, artesãos, agricultores, escravos). A arte egípcia, os afrescos, os papiros, os túmulos e as múmias estão repletos dessas revelações. Os estudos acadêmicos baseados em restos biológicos, de mais ou menos 4.500 a.C., ressaltam que as pessoas com nanismo não tinham qualquer impedimento físico para as suas ocupações e ofícios, principalmente de dançarinos e músicos.(Gurgel, http://www.ampid.org.br)
Contudo a sociedade romana não admitia a deficiência física, sendo mortas as crianças que assim nascessem e deixados na miséria soldados que retornavam ao campo de batalha mutilados.
As leis romanas da Antiguidade não eram favoráveis às pessoas que nasciam com deficiência. Aos pais era permitido matar as crianças que com deformidades físicas, pela prática do afogamento. Relatos nos dão conta, no entanto, que os pais abandonavam seus filhos em cestos no Rio Tibre, ou em outros lugares sagrados. Os sobreviventes eram explorados nas cidades por “esmoladores”, ou passavam a fazer parte de circos para o entretenimento dos abastados. (GURGEL, http://www.ampid.org.br)
Em Esparta, o destino de crianças deficientes era o mesmo do que de Roma, visto a sociedade Espartana ser completamente voltada para a guerra, os esportes e o culto ao corpo perfeito.
Em Atenas apenas os que se dedicavam a vida de contemplação filosófica pareciam gozar de alguma aceitação, escravos, trabalhadores e mulheres que já eram tidos como inferiores, eram mais inferiores ainda em casos de deficiência. Apesar do mito de Tirésias:
Enquanto passeava, Tirésias encontrou duas serpentes em cópula, as quais atingiu com o seu bordão. Uma tal ação enfureceu Hera, que decidiu transformar o seu perpetrador em mulher. A partir daqui, são diversas as versões do mito, com algumas a mencionarem Tirésias como uma famosa prostituta, enquanto que outras a referem como uma sacerdotisa de Hera. Eventualmente, esta figura encontrou outras duas serpentes em cópula, e pelas suas novas ações voltou ao seu sexo original.
Mais tarde, Zeus e Hera tiveram uma curiosa discussão, relativa à que sexo tira mais prazer do ato sexual. Hera mostrou-se simpatizante pelo lado masculino, enquanto que Zeus referia o sexo feminino como o mais feliz nessa questão, e pela sua experiência única decidiram chamar Tirésias. Ainda desprovido dos seus famosos dons, este habitante de Tebas proferiu uma curiosa idéia - "das dez partes do prazer, o homem apenas tem uma" - a qual exaltou a ira de Hera, que o cegou. Para compensar tal ato, Zeus deu a este homem o dom da profecia, que seria um dos mais famosos da Grécia Antiga.(extraído de http://mitologia.blogs.sapo.pt em 07/04/11 as 17.35).

Contudo a Atenas filosófica e não mais mitológica só concebia um lugar ao deficiente, o de pensador, desde que sua deficiência não o impedisse de ler.
No judaísmo o deficiente era visto como um pecador ou filho de pecadores. Sacerdotes deficientes não podiam chegar ao Santo dos Santos. Jesus reverteu essa lógica, no caso de um cego de nascença que vivia no templo medingando, fez uma distinção muito clara que nem ele e nem os pais haviam pecado, mas, que sua cegueira era para manifestação da Glória de Deus, após a cura do cego, Jesus fez clara distinção entre a cegueira física e a cegueira espiritual.
Levados por esses ensinamentos de Jesus, os apóstolos e a Igreja do primeiro século, tendiam a serem caridosas com os deficientes. Quando o evangelho penetrou na sociedade romana a cultura de matar os deficientes ou deixá-los sem amparo foi mudada.
Em Alexandria foi criada a primeira universidade de estudos filosóficos e teológicos de grandes mestres. Dentre eles, Dídimo, o Cego, conhecia e recitava a Bíblia de cor. No período em que começava a ler e escrever aos cinco anos de idade, Dídimo perdeu a visão mas, continuou seus estudos, tendo ele próprio gravado o alfabeto em madeira para utilizar o tato.
As Constituições romanas do Imperador Leão III havia a previsão da pena de vazar os olhos ou amputar as mãos dos traidores do Império. Há registros de que os índices de criminalidade baixaram. Esta pena foi praticada até a queda do Império Romano e continuou sendo aplicada no Oriente
A Idade Média, onde a bíblia recebeu interpretações extremamente equivocadas a deficiência voltou a ser estigma de pecado.
A população ignorante encarava o nascimento de pessoas com deficiência como castigo de Deus. Os supersticiosos viam nelas poderes especiais de feiticeiros ou bruxos. As crianças que sobreviviam eram separadas de suas famílias e quase sempre ridicularizadas. A literatura da época coloca os anões e os corcundas como focos de diversão dos mais abastados. (Gurgel, http://www.ampid.org.br)
Em religiões onde se acredita em Carma ela é vista como “pagamento de erros passados” ou “sofrimento para purificação da alma”, e assim levar o indivíduo a evolução. O rei Luís IX fundou o primeiro hospital para pessoas cegas,
Com o advento do capitalismo e a necessidade de mão de obra para a produção o deficiente passou a ser visto como um estorvo, pois não estaria apto a fazer parte da cadeia produtiva, para o detentor dos meios de produção não servia como mão de obra e para a família não produzia e consumia o que era produzido pelo grupo.
São dessa época que as Santas Casas de Misericórdia e os asilos vão recolher diversos tipos de deficientes a fim de lhes fazer caridade, numa protoforma das primeiras ações assistenciais junto a este publico.
Nas famílias burguesas o nascimento de uma criança deficiente era um escândalo em sua maioria, sendo a criança confinada com babás e escondida de outros membros da família ou amigos, ou depositadas na roda dos expostos. O marido sempre culpava a mulher pelo filho deficiente e a situação era vista como uma mácula ao bom nome familiar, principalmente se a deficiência fosse de origem mental.
Mas, algumas iniciativas pioneiras são dessa época, com o iluminismo e as descobertas científicas. Gerolamo Cardomo, médico e matemático criou um código para ensinar pessoas surdas a ler e escrever, influenciando o monge beneditino Pedro Ponce de Leon, desenvolveu um método de educação para pessoa com deficiência auditiva, por meio de sinais. Esses métodos contrariaram o pensamento da sociedade da época que não acreditava que pessoas surdas pudessem ser educadas. Já na Inglaterra John Bulwer defendeu um método para ensinar aos surdos a leitura labial, além de ter escrito sobre a língua de sinais.
Juan Pablo Bonet na Espanha, em 1620 escreveu sobre as causas das deficiências auditivas e dos problemas da comunicação, condenando os métodos brutais e de gritos para ensinar alunos surdos. No livro Reduction de las letras y arte para ensenar a hablar los mudos, Pablo Bonet demonstra pela primeira vez o alfabeto na língua de sinais.
Ambroise Paré (1510-1590), médico francês do Renascimento, aperfeiçoou os métodos cirúrgicos para ligar as artérias, substituindo as cauterizações com ferro em brasa e com azeite fervente. Foi grande a sua contribuição na criação de próteses
Martinho Lutero, um dos pioneiros do protestantismo, afirmava que pessoas deficientes não possuíam natureza humana e eram usadas por maus espíritos, bruxas, fadas, duendes e que deviam ser afogadas.
Durante os séculos XVII e XVIII houve grande desenvolvimento no atendimento às pessoas com deficiência em hospitais. Havia assistência especializada em ortopedia para os mutilados das guerras e para pessoas cegas e surdas.
Philippe Pinel foi o pioneiro na explicação que pessoas com perturbações mentais deveriam ser tratadas como doentes, ao contrário do que acontecia na época, quando eram trados com violência e discriminação.
No Século XIX, em 1819, Charles Barbier (1764-1841), um capitão do exército francês, atendendo a um pedido de Napoleão, desenvolveu um código para ser usado em mensagens transmitidas à noite durante as batalhas. Em seu sistema uma letra, ou um conjunto de letras, era representado por duas colunas de pontos que por sua vez se referiam às coordenadas de uma tabela. Cada coluna podia ter de um a seis pontos, que deveriam estar em relevo para serem lidos com as mãos. O sistema foi rejeitado pelos militares, que o consideraram muito complicado.
Barbier então apresentou o seu invento ao Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris. Entre os alunos que assistiram a apresentação encontrava-se Louis Braille (1809- 1852), então com quatorze anos, que se interessou pelo sistema e apresentou algumas sugestões para seu aperfeiçoamento. Como Barbier se recusou a fazer alterações em seu sistema, Braille modificou totalmente o sistema de escrita noturna criando o sistema de escrita padrão – o BRAILLE – usado por pessoas cegas até aos dias de hoje.
O Século XIX, ainda com reflexos das idéias humanistas da Revolução Francesa, ficou marcado na história das pessoas com deficiência. Finalmente se percebia que elas não só precisavam de hospitais e abrigos, mas, também, de atenção especializada. É nesse período que se inicia a constituição de organizações para estudar os problemas de cada deficiência. Difundem-se então os orfanatos, os asilos e os lares para crianças com deficiência física. Grupos de pessoas organizam-se em torno da reabilitação dos feridos para o trabalho, principalmente nos Estados Unidos e Alemanha.
Apesar dessas iniciativas, a deficiência, ou a pessoa portadora com deficiência era vista como um estorvo, tanto que era isolada em um asilo ou orfanato, devido a pessoa com deficiência ter uma representação negativa, de pessoa “de menos”, necessitada de caridade, digna de pena, “o coitadinho”. Mas, o que é uma representação social?
Representação social é uma categoria de analise usada por Serge Moscovici, um psicólogo social, e procura tornar familiar aquilo que não conhecemos.
"As representações que nós fabricamos – duma teoria científica, de uma nação, de um objeto, etc – são sempre o resultado de um esforço constante de tornar real algo que é incomum (não-familiar), ou que nos dá um sentimento de não-familiaridade. E através delas nós superamos o problema e o integramos em nosso mundo mental e físico, que é, com isso, enriquecido e transformado. Depois de uma série de ajustamentos, o que estava longe, parece ao alcance de nossa mão; o que era abstrato torna-se concreto e quase normal (...) as imagens e idéias com as quais nós compreendemos o não-usual apenas trazem-nos de volta ao que nós já conhecíamos e com o qual já estávamos familiarizados (Moscovici, 2007, p.58)"

Como pudemos perceber a representação social da pessoa deficiente é negativa, daquele que era pecador, amaldiçoado, alguém desprezado ou alvo da caridade bondosa e não pessoa, sujeito de direitos.
Apesar dos avanços alcançados, principalmente no Brasil, com o estatuto da pessoa com deficiência, Lei 7699/6 que em seus direitos fundamentais assim determina: no Art. 11. A pessoa com deficiência tem direito à proteção à vida, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Hoje falasse muito em inclusão, a TV mostra em horário nobre a historia comovente de uma cadeirante, estimulasse ao esporte, o governo pressiona as empresas privadas com a Lei de Cotas para pessoa com deficiência, mas, não podemos esquecer que numa época de capitalismo global, em que necessitamos de aumento do consumo e principalmente na área tecnológica onde há grandes investimentos em próteses e orteses.
Contudo, a pessoa com deficiência ainda é representada negativamente, invisível na cidade sem acessibilidade, no transporte publico de qualidade baixa que sempre cheio impossibilita a locomoção, a escola publica, ainda despreparada para receber e ensinar com qualidade seus alunos chamados “especiais”.
Na verdade a inclusão é a constatação da exclusão. Que a sociedade exclui, torna invisível, coloca para debaixo do tapete esses “incômodos” seres “de menos” que os desafia e mostra a vulnerabilidade humana.
A deficiência uma construção social, uma representação que fazemos de pessoas que não vêem, não ouvem, não se locomovem, não pensam e não aprende como nós, porque nos tomamos como a medida de todas as coisas.
O corpo humano, esse extraordinário e maravilhoso corpo humano se reorganiza para que a pessoa com deficiência continue a viver e desenvolver-se. Assim o deficiente auditivo “ouve” com a pele e com os olhos, o deficiente visual “vê” com a audição, o tato, o olfato, o deficiente físico encontra formas de equilibrar o corpo, quem não conhece a mulher que sem braços fazia todos seus afazeres domésticos com seus pés? Ou o filme estrelado por Daniel Day – Lewis “Meu Pé Esquerdo” que conta a historia de um jovem que nasce com paralisia cerebral numa família irlandesa pobre e se torna pintor e escritor utilizando apenas seu pé esquerdo? O deficiente intelectual aprende através de outras formas e o deficiente mental “percebe” outra realidade diferente da nossa, mas, todos eles continuam sendo seres humanos com todas as suas potencialidades e capacidades.

 Candida Maria





http://www.ampid.org.br

MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Rio de Janeiro, Vozes, 2003.

DEFICIÊNCIA E VIOLÊNCIA DOMESTICA



Já escrevi no blog de ciências sócias um histórico da questão social da pessoa com deficiência, como na historia eram vistos como endemoninhados, pecadores, malignos e depois como pessoas a margem do processo acumulativo.
Hoje, pessoas com deficiência, principalmente no Brasil, são instadas a fazerem parte do processo acumulativo, tanto como produtores e consumidores de riquezas. Mesmo que seu salario sejam mais baixo, numa desculpa esfarrapada de menos horas de trabalho, um flagrante contra as leis trabalhistas.
Mas, já algum tempo a questão violência domestica contra crianças e adolescentes e portadores de deficiência tem chamado minha atenção.
A primeira reflexão é a ausência quase que total de pesquisas sobre o assunto. Estive em um encontro de comunicação de pesquisa do Instituto Fernando Figueira, onde numa belíssima iniciativa um grupo de pesquisadores da área de saúde se debruçou sobre a temática.
As conclusões não são novidades: ausência completa de dados nos Conselhos Tutelares sobre a vitima de violência domestica ser ou não pessoa com deficiência, invisibilidade da pessoa com deficiência ante ao Conselheiro Tutelar, ou seja, se existe uma denuncia de maus-tratos ou qualquer outra violência, o Conselheiro Tutelar não se encontra conscientizado que de todas as crianças da casa, a criança ou adolescente com deficiência é a potencial vitima mais fragilizada.
Isso é um caso serio. Não apenas no Conselho Tutelar, como nos serviços de saúde e nas escolas, onde os profissionais estão absolutamente “cegos” para a questão, e despreparados para abordá-la.
Do pouco que se escreveu sobre o assunto os contornos não são muito diferentes dos casos com crianças/adolescentes não deficientes, isto é, as meninas são as maiores vitimas dos abusos, sendo que crianças/adolescentes com déficit cognitivo são dentre todas as deficiências os mais fragilizados, por não poderem muitas vezes expressar a situação que vivem.
A negligencia é um dos maus –tratos mais percebidos, principalmente no que se refere a higiene, neste caso, é necessário investigar se a negligencia ocorre devido ao desinteresse da família ou cuidador, ou se existe uma sobrecarga no cuidador, ou se, ainda, a família esta passando por dificuldades econômicas, sociais, sem uma rede de apoio.
No que se refere aos sinais de abuso não existem grandes diferenças de comportamento entre crianças/adolescentes com deficiência os que não são deficientes. Mudanças de humor, dificuldade de dormir, medo de algum local ou de determinada pessoa, regressão comportamental, irritação em órgãos genitais, isolamento, pouca ou nenhuma higiene, interesse repentino ou demasiado na sexualidade, marcas ou hematomas pelo corpo, são sinais que devem manter o profissional, cuidador ou pais em alerta (às vezes o abusador é o cuidador).
O profissional que cuida de crianças/adolescentes com deficiência devem sempre criar condições para que a mesma se sinta segura com seu atendimento, de tal forma que possa contar o que se passa com ela. Os pais devem estar atentos aos profissionais que trabalham com seus filhos (alguns até adultos) como cuidadores e outros, observando seu comportamento e também criando um ambiente de confiança para que possa ter confiança em se abrir.
Cada pai e profissional sabe a medida de compreensão de sua criança/adolescente, portanto, desde cedo ensine os cuidados com seu corpo e a contar os ocorridos do dia. Uma pergunta simples: como foi seu dia? Por vezes é o bastante para que conte sua rotina.
No mais, sempre atenção com ela e seu comportamento, qualquer suspeita deve-se entrar em contato com Conselho Tutelar de sua cidade. Lembrando sempre: a criança/adolescente é sempre vitima, mesmo que você ouça absurdos como eu ouvi de um individuo sobre uma adolescente com déficit cognitivo que era abusada por um vagabundo da cidade onde fui morar. “ela ia porque gostava, é uma safada.” Nem preciso dizer que estava lidando com um sujeito ignorante e imbecil...


Cândida Maria Ferreira da Silva 

O Deus dos melhores sonhos


   
"Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera." (Ef 3. 20)

Leio a história de Noemi e Rute. Uma incrível e surpreendente história sobre a vida, o cotidiano, a esperança e as surpreendentes bênçãos de Deus. Como qualquer pai de família Elimeleque busca o melhor para a sua. Havia fome em sua terra e ele vai buscar novas oportunidades e prosperidade em outro lugar. Assim, junto com sua família toma a decisão mais acertada. Mas, a vida é a vida e no meio de seu projeto de uma vida tranqüila e boa, Elimeleque morre. Passados dez anos, casados, com uma vida toda pela frente, cheios de planos, morrem os filhos de Noemi.

É assim, bons planos perecem por muitos motivos. Talvez, porque a vida os leve por si mesmos, outras vezes porque não sabemos cultivá-los. Todo mundo um dia teve um sonho bom que morreu. Não há nada demais em sonhar bons sonhos. Ter bons projetos, considerar se aquele caminho é bom e seguir por ele. Faz parte da vida.
Noemi e o marido haviam sonhado bons sonhos, feito bons projetos para suas vidas. Ela tinha uma certeza, era abençoada. Tinha marido e filhos. Nunca que a calamidade lhe chegaria, porque ela tinha onde se amparar, naqueles tempos em que a mulher só podia ser amparada pelos membros masculinos de sua família.

Contudo, todas as certezas de Noemi se foram. Não apenas os seus bons sonhos, mas, suas mais firmes certezas. Ela estava só. Desamparada, velha, sem marido, sem filhos, sem nada. Não havia onde firmar seus pés, não havia mais certezas. O que seria dela?

Nossas certezas muitas vezes vão por água a baixo. Nossas fortalezas humanas, nossos cálculos, nossos saberes, nossos projetos pessoais. E nessa hora bate o desespero. O que fazer afinal? Mas, necessário se faz que assim seja para aprendermos a viver da fé!

Ela não viu solução, apenas podia voltar e viver da caridade. Nessa volta derrotada, sem mais certeza, vazia de tudo, contava apenas com sua nora. Ela que partira de sua cidade cheia de si e de segurança, voltava, sozinha e vazia. Duas mulheres. De que viveriam elas?

Coisas pequenas se tornam grandes na Mão de Deus. Uma nuvem do tamanho de um punho de um homem tornou-se chuva abundante, doze homens e um punhado de gente alvoroçaram o mundo do primeiro século. Tão pequenas que se tornaram grandiosas maravilhas na Mão do Todo Poderoso.

Deus tem sonhos melhores. Por isso Ele deixa morrerem os sonhos bons. Por isso Ele derruba nossas certezas, porque Seus Caminhos são mais altos do que os nossos e seus Planos melhores do que os nossos.

Ele vai alem do que pedimos e pensamos. Noemi e Rute só queriam sobreviver. Uma luta diária como qualquer um de nós. Mas, Deus lhe fez mais. Não apenas as abençoou e garantiu sua sobrevivência, mas, as fez veiculo de grande bênção para nós. Assim, de Rute e Boaz, nasce Obede, neto de Noemi, pai de Jessé, pai de Davi. O homem segundo o coração de Deus, a quem Ele prometeu um reinado eterno: Jesus.

Deus é assim. Vemos nossos bons sonhos e Ele projeta melhores. Vemos o hoje e Ele vê o amanha. Todos os seus projetos excelentes não podem deixar de ser cumpridos, nada pode impedir isso.

Só saberemos a extensão dos melhores projetos de Deus quando estivermos com Ele. Vemos o hoje, mas, Deus projeta o amanha.


Não desanime. Deus tem um projeto melhor, excelente para sua vida e não deixará de cumpri-lo. Os planos de Deus para nós são de paz, para nos dar um futuro e uma esperança. E através de você abençoar muitas vidas. Acredite!